Com o argumento de que quer colaborar com as investigações, o empresário Marcos Valério de Souza pediu na sexta-feira (29) nova audiência ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza. No primeiro depoimento ao Ministério Público, realizado também por sua iniciativa, Valério revelou os empréstimos contraídos por suas empresas para o PT. Na terça-feira, chegará à CPI dos Correios, à Receita Federal e à Procuradoria da República a documentação relativa à contabilidade das empresas de Valério, incluindo as declarações de renda.
O novo pedido de audiência gerou a expectativa na CPI de que Valério possa fazer novas revelações sobre o esquema de repasse de recursos para o PT e partidos da base. Os advogados do empresário esperam que a audiência seja marcada para o início da próxima semana.
Valério e sua mulher, Renilda de Souza, segundo pessoas próximas ao casal, estão convencidos de que não podem contar com o apoio do PT. Para eles, isso ficou claro a partir das notícias de uma possível chantagem que o empresário teria feito a integrantes do partido, pedindo dinheiro em troca de seu silêncio. Na visão de Valério, as informações teriam a digital de petistas interessados em isolá-lo e mantê-lo como o vilão da crise, deixando em segundo plano figuras chave do PT, como o próprio ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-ministro José Dirceu.
Pedido de prisão reforça estratégia
Valério e Renilda viram no pedido de prisão preventiva, aprovado pela CPI com o apoio dos parlamentares do PT, um desdobramento dessa estratégia. O empresário considerou o pedido um factóide.
O casal está preocupado com o possível bloqueio de seus bens e com a dívida de R$ 90 milhões decorrente dos empréstimos repassados ao PT. Depois de seu depoimento à CPI, Renilda decidiu adotar uma postura mais atuante nas empresas e na crise. Foi dela a iniciativa de divulgar uma nota em que Valério divide a responsabilidade com os sócios nas decisões das agências. Renilda já havia ressaltando esse detalhe no depoimento à CPI. A divulgação da nota causou constrangimento nas empresas, mas o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, procurou minimizar o episódio:
Não há problema entre os sócios, mas é preciso respeitar os sentimentos das pessoas e Renilda quis ressaltar que a responsabilidade é de todos.
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