Em depoimento na CPI do Mensalão, o empresário Marcos Valério não conseguiu se controlar emocionalmente ao responder sobre a possibilidade de estar sendo pressionado. Diante da insistência do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) para que revelasse quem o estaria pressionando, Valério chegou a pedir para se retirar da sessão da CPI para se recompor.
Primeiramente, o deputado perguntou se Valério estaria sendo chantageado. O empresário titubeou e respondeu:
- Não estou sendo chantageado.
Em seguida, Arnaldo Faria de Sá quis saber se Valério e sua família estariam sofrendo pressões.
- Depois dessa cagada toda... Desculpa o termo, tá? - disse Valério.
A Mesa lhe chamou a atenção e ele pediu desculpas.
- Não me ofendi com a resposta, pode continuar. Fique à vontade - incentivou Faria de Sá.
Valério negou estar sendo pressionado, mas o deputado insistiu:
- O senhor não está respondendo com a mesma serenidade de antes. Está querendo falsear. Quero saber quem o está pressionando.
- Até agora eu fui muito verdadeiro com os deputados. Tentei ser transparente como não fui na outra CPI e pedi todas as desculpas ao Brasil aqui. Agora, com toda a sinceridade, eu também sou de carne e osso, também tenho sentimentos. A minha filha vê as coisas, assiste ao pai na televisão. O peso é muito grande. Peço dois minutos ao presidente para me retirar.
A sessão foi interrompida por cerca de cinco minutos. Ao ser retomada, Arnaldo Faria de Sá continuou a insistir na pergunta:
- Tenho convicção de que alguém está lhe pressionando. O senhor tem o apoio da CPI para contar.
- Ninguém está me pressionando - voltou a afirmar Valério, sem segurar um soluço.
Faria de Sá quis saber ainda o motivo de Valério ter afirmado que sente medo de morrer.
- É normal, pelo tamanho das coisas que estão acontecendo - explicou o empresário.
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