Contratos milionários no esporte, custeados com dinheiro público saído dos cofres do Banco do Brasil, são uma das fontes de abastecimento do Valerioduto. Esta é a convicção de integrantes da CPI dos Correios que decidiram abrir a caixa-preta dos patrocínios estatais ao esporte olímpico. A Comissão investiga os contratos com o vôlei, tênis, futebol de areia e vela. Muitos deles tiveram intermediação das empresas do publicitário Marcos Valério, o caixa-forte do mensalão. Na pauta, denúncias de superfaturamento, mensalinhos e até eventos fictícios.
O que já chamou a atenção dos parlamentares foi o gasto de R$ 2,8 milhões com uma das empresas de Valério, a Multiaction, para a organização de torcidas e área vip de eventos de vôlei e tênis. Foram apenas 18 dias de competições, todas no Brasil. E a organização da torcida não é onerosa, segundo o EXTRA apurou: torcedores revelaram que pagavam o ingresso e só ganhavam uma camisa amarela com o logotipo do banco. Marcos Valério também recebeu para organizar stands do BB em feiras de agronegócios.
Segundo o senador Álvaro Dias (PSDB/PR), que está à frente das investigações, a CPI está apurando a prestação de contas:
- As maiores suspeitas são de irregularidades nos eventos, como superfaturamentos e até eventos fictícios. A gente sabe que houve desvio. Alguns ativos em contratos de publicidade reservavam um percentual para eventos que podem não ter sido realizados. Estamos investigando tudo - afirmou Dias.
O EXTRA teve acesso, com exclusividade, à lista em poder do Tribunal de Contas da União (TCU) com as milionárias despesas de patrocínio do Banco. Da verba total de R$ 175,8 milhões nos últimos quatro anos, o BB destinou R$ 144 milhões ao esporte. A maior fatia é a do contrato com a Confederação Brasileira de Vôlei: R$ 104,3 milhões em quatro anos. O tenista Gustavo Kuerten levou R$ 9,8 milhões, a Confederação de Beach Soccer, R$ 1,8 milhão, e o iatista Robert Scheidt, R$ 841 mil.
O trabalho dos parlamentares, agora, é separar o joio do trigo: descobrir onde houve corrupção e onde há patrocínio legítimo. Guga e Scheidt, por exemplo, não levantaram suspeitas.
O homem que decidia os valores dos contratos pelo Banco do Brasil era o diretor de marketing Henrique Pizzolato. O mesmo que sacou R$ 326 mil das contas de Marcos Valério. Pizzolato já foi afastado.
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