Responsável pelas investigações sobre as movimentações e operações financeiras do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza - articulador de um esquema de corrupção envolvendo Câmara, governo e estatais - o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) diz que não será fácil descobrir tão rapidamente a origem dos recursos do chamado valerioduto. Sub-relator do assunto na CPI dos Correios, o parlamentar afirmou que o empresário montou uma grande teia com menos rastros do que se imagina.
- Detectar a origem não vai ser tão fácil. Só um ingênuo pode esperar uma conexão direta, ou seja, que o dinheiro dos Correios entre na conta do Valério, seja carimbado e vá para o PT. É ingenuidade achar que o dinheiro vai aparecer identificado - disse Fruet.
"O crime de corrupção está caracterizado"
Mas Fruet afirmou haver elementos mais que suficientes para incriminar Valério.
- O crime de corrupção está caracterizado - disse.
O deputado apresentou números sobre as operações de Marcos Valério no governo Lula. Segundo ele, foram 40 mil movimentações bancárias que envolveram cerca de R$ 3 bilhões em 75 contas correntes:
- Para quem movimentou R$ 3 bilhões nas contas bancárias, dinheiro que não era de faturamento, esconder R$ 55 milhões de empréstimos ao PT não é tão difícil. Tem fraude no sistema bancário.
Fruet disse não ter dúvida de que Valério teve compensações pelos repasses ao PT. Uma delas seria a ampliação do valor dos contratos que o publicitário mantinha com estatais. Para o deputado, Valério foi intermediário do empréstimo ou deu o dinheiro ao PT, uma linha de investigação que ganha corpo na CPI. Valério teria repassado dinheiro público ao PT. Segundo Fruet, a investigação vai demorar mais do que se imagina.
- A teia de Valério é grande, o valerioduto não deixa rastros. Vamos levar de 15 a 30 dias para rastrear todos os cheques e ver se chegamos ao empréstimo - explicou.
"É preciso quebrar o sigilo das pessoas que sacaram"
Segundo Fruet, um dos complicadores para chegar à origem do dinheiro é o volume de recursos movimentados e o desconhecimento de muitas pessoas que sacaram. O deputado explicou que, na conta do Banco Rural da qual Valério repassou recursos para o PT e aliados do governo, foram movimentados outros R$ 204 milhões, destinados a outros fins que não o caixa dois de políticos.
- É preciso quebrar o sigilo dos que sacaram. São desconhecidos. Tem até uma pensionista da Aeronáutica que sacou R$ 1 milhão. Seguramente são laranjas - disse.
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