Manaus (AG) O aquecimento do Oceano Atlântico pode ser um dos responsáveis pela seca na Amazônia, explica o meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Gilvan Sampaio. Ele ressalva, porém, que outros dois fatores contribuem para agravar a estiagem: o menor índice de chuvas no verão dos últimos quatro anos e o desmatamento da região.
O aquecimento do Atlântico tem origem desconhecida, apesar das especulações de que poderia estar ligado à poluição ou à ação do homem sobre o meio ambiente. Nos últimos meses, a temperatura média da água no Hemisfério Norte subiu entre meio e dois graus centígrados.
Essa elevação reforçou ventos que normalmente já sobem a partir do oceano em direção ao céu. A relação disso com a seca na Amazônia é que, mais tarde, o ar ascendente acaba descendo sobre a floresta em determinado período do ano.
Tal movimento dificulta a formação de nuvens e, portanto, reduz a freqüência das chuvas. Não é à toa que a Amazônia convive com períodos secos anualmente, entre maio e setembro.
"Ventos sobem no Oceano Atlântico e vão descer em cima da Amazônia. O pico ocorre entre junho e agosto. Onde desce (o vento), não chove. Com o oceano mais quente, o ar que sobe é mais intenso ainda", diz Gilvan Sampaio.
Neste ano, porém, a seca ganhou aliado de peso: a redução das chuvas no verão, fenômeno que vem se repetindo nos últimos quatro anos na região, segundo o meteorologista. "Tivemos um verão com menos chuva. Logo, havia menos água acumulada na bacia amazônica."
Segundo Sampaio, o desmatamento diminui o volume de água disponível para a evaporação. Isso porque as árvores auxiliam a umedecer o ar, uma vez que a água que extraem com a raiz transpira pelas folhas.
Nota conjunta divulgada na última sexta-feira pelo centro de previsão e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informa que o Sul e o Oeste do Amazonas, além do Acre, tiveram em 2005 o mais baixo índice pluviométrico dos últimos 40 anos. Os dois órgãos prevêem que vai chover menos do que a média histórica no sudoeste do Amazonas e no Acre no próximo trimestre, entre novembro e janeiro. A previsão, no entanto, é de baixa confiabilidade, segundo a própria nota.
"Chuvas localizadas virão nos próximos dias, com o aquecimento da região. Mas chuvas mais freqüentes só a partir de novembro", diz Sampaio.
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