O depoimento de Simone Vasconcelos à PF e as tratativas de Marcos Valério com o procurador-geral, somados às novas descobertas sobre as relações de José Dirceu com os bancos Rural e BMG, abalaram os alicerces da defesa que o ex-ministro preparou para apresentar hoje ao Conselho de Ética da Câmara.
"Blind date" Ontem, petistas próximos ao ex-ministro avaliavam que ele irá falar às cegas, sem saber ao certo o que Valério e Simone revelaram, ou, pior, emparedado pelo conteúdo dos testemunhos.
O despossuído Análise de um ministro sobre o momento vivido por Dirceu: "Ele tinha um império, a Casa Civil. Voltou à Câmara achando que lá ainda teria um Exército. Agora corre o risco de ficar sem sua última trincheira, o PT".
Canal direto Chama-se Rui Guerra o interlocutor de José Dirceu no BMG. Parlamentares da CPI vasculham agendas na tentativa de confirmar a suspeita de que Guerra esteve com o então ministro na Casa Civil dias antes da votação da MP do crédito consignado, benéfica ao banco.
Outro lado Assessores de Marta Suplicy afirmam que o BMG se credenciou após seleção para atuar, junto com outros nove bancos, no crédito consignado ao funcionalismo paulistano. O servidor escolhe entre as instituições.
Alma penada Valdemar Costa Neto chegou ontem à Câmara por volta das 7 h para dar entrada em seu pedido de renúncia. O protocolo da Casa só abre às 8 h.
Despachado Wilmar Lacerda, presidente do PT do Distrito Federal que sacou R$ 50 mil das contas de Marcos Valério, foi exonerado em 20 de julho do gabinete do senador Cristovam Buarque, onde recebia como assessor.
Fratura exposta Atiçada pela derrocada da cúpula partidária, a esquerda petista promete tocar fogo na casa se o Campo Majoritário manobrar pelo adiamento da eleição interna alegando "dificuldades financeiras". Na sexta, fará ato em SP em defesa da manutenção da eleição no 2.º semestre.
Apoio estrelado Eduardo Suplicy, que confirmou presença no ato de sexta, diz estar "considerando seriamente a possibilidade" de apoiar Plinio de Arruda Sampaio e Ivan Valente, ambos da esquerda petista, para as presidências nacional e paulista do partido, respectivamente.
Antiga parceria 1 Investigado pela CPI dos Correios, Marco Antônio da Silva, ex-diretor da Secom, casado com uma funcionária de Marcos Valério, é fiel escudeiro do deputado José Mentor (PT-SP), que recebeu um cheque de R$ 60 mil do empresário mineiro.
Antiga parceria 2 Via Mentor, Silva trabalhou na Secretaria de Habitação de Mauá (Grande SP) durante gestão petista. Em 2001, assessorou o então vereador Mentor na Câmara paulistana. Em 2002, ambos atuaram na campanha de José Genoíno a governador.
Operação-resgate O deputado Ricardo Barros (PP-PR) encabeça uma campanha para tirar o Porto de Paranaguá do controle do governo do Paraná. Decreto legislativo de sua autoria revertendo a concessão federal foi aprovado na Câmara e tramita no Senado.
Desempenho insuficiente Barros acusa o superintendente do porto, Eduardo Requião, irmão do governador Roberto Requião (PMDB), de levar à queda de 8% no movimento de Paranaguá, graças a restrições à soja transgênica e à falta de investimento em infra-estrutura.
Tiroteio
* Do senador Heráclito Fortes (PFL-PI) sobre a renúncia de Valdemar Costa Neto (PL-SP), apontado por Roberto Jefferson como expoente do "mensalão":
Ele abriu a porteira para os que estavam esperando alguma solidariedade do PT. Isso não existe. Compaixão de petista, só em missa de sétimo dia. Assim mesmo, na última fila da igreja.
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