As eleições presidenciais deste ano devem oferecer menos riscos aos investidores do que os pleitos anteriores uma vez que os dois pré-candidatos que lideram as pesquisas - José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) - pertencem a partidos bem conhecidos e parece não haver surpresas.

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Ainda assim, há algumas diferenças importantes entre os dois candidatos. Veja a seguir a visão de especialistas sobre as posições dos candidatos em temas centrais.

Superávit primário - Os dois candidatos manteriam um superávit primário no Orçamento para efetuar pagamentos da dívida pública e reduzir a sua proporção em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). Alguns analistas acreditam que Serra conteria os gastos correntes de maneira mais eficiente.

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Os gastos no período pré-eleitoral podem complicar a saúde das contas públicas nacionais, forçando o futuro governo a adotar medidas de aperto financeiro. O gasto público subiu fortemente em 2009, reduzindo o superávit primário para pouco mais de 1 por cento do PIB, contra 4 por cento anteriormente.

Política monetária - Os candidatos não devem abandonar a meta de inflação, mas ambos criticaram o Banco Central por ser muito rigoroso em perseguir esse objetivo e não baixar as taxas de juros rápido o suficiente para promover crescimento. Durante a crise financeira de 2009, Serra pediu maiores cortes nas taxas ao invés de cortes paulatinos. Dilma disse que o Banco Central deve considerar o crescimento econômico e a geração de empregos ao perseguir uma política monetária, ao invés de se concentrar somente na inflação.

Câmbio - Ambos devem manter a taxa de câmbio flutuante, mas Serra tem alertado repetidamente que o real está sobrevalorizado e alguns analistas acreditam que ele pode adotar medidas mais agressivas para enfraquecer a moeda nacional e, assim, ajudar os exportadores.

Empresas estatais - Dilma é a favor de um papel maior das estatais na economia, o que pode reduzir a participação de empresas privadas em alguns setores, como o bancário, de petróleo e gás. Enquanto Serra privatizou um banco estatal de São Paulo (Nossa Caixa), Dilma apoiou Lula na expansão do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Política externa - Espera-se que Dilma dê continuidade à política externa de Lula, que inclui o estreitamento dos laços com países em desenvolvimento, incentivando uma reforma nas agências multilaterais e tentando um lugar no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Serra deve reduzir as relações com alguns dos aliados de esquerda de Lula na América Latina, o que pode afetar os investimentos de energia na Bolívia e na Venezuela. O tucano também pode ter uma abordagem mais agressiva em disputas comerciais com a Argentina e outros membros do Mercosul.

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Alianças - As coalizões governamentais no Brasil são notoriamente instáveis e tendem à corrupção. Tanto Serra quanto Dilma podem não possuir a esperteza política de Lula para manter uma ampla coalizão unida. Dilma nunca concorreu em eleições.