Um ano depois da queda do Boeing da Gol, vôo 1907, que deixou 154 mortos em um ponto perdido no meio da selva amazônica, o Fantástico teve acesso a imagens feitas pela Força Aérea Brasileira (FAB), no momento das buscas. Mata fechada, calor, perigo de contaminação e de ataques de abelhas eram a realidade na operação de resgate.
A operação durou 54 dias e chegou a envolver mais de 800 pessoas. Seu início foi no fim da tarde de sexta-feira, 29 de setembro de 2006, quando o jato Legacy, com sete pessoas a bordo, se chocou com o Boeing 737 da Gol, por volta das 17h.
Os primeiros a serem acionados foram os pára-quedistas especializados em busca e resgate da FAB. A fazenda onde os pára-quedistas desceram é a Jarinã, que fica a cerca de 40 km do local da queda. Ela se tornou a central de operações. Na manhã seguinte, os primeiros destroços foram avistados, numa área de mata muito fechada, onde era impossível pousar de helicóptero. A solução foi descer com o chamado guincho, um cabo de aço preso a uma cadeirinha.
As equipes tiveram muitos problemas no resgate. Os militares foram acometidos por cãibras, diarréias, cortes. Em pouco tempo, e com muito esforço, foi aberta uma clareira, onde havia mais destroços. Um helicóptero, que levava legistas, conseguiu pousar, para dar início à identificação dos mortos.
Várias peças foram cravadas na terra, pela força do impacto. O cilindro de voz, fundamental para as investigações, só foi achado com um detector de metais, 20 cm abaixo da superfície.
Nas últimas semanas, parentes alegaram que pertences de vítimas teriam sido roubados. E que, no Rio, foi dada entrada no financiamento de um carro usando documento de um dos mortos. A FAB nega envolvimento.
Da carga total de 4 mil quilos no avião da Gol, só foram recuperados 1.600 quilos. E até hoje não se encontrou o pedaço da asa do Boeing, de mais de 6 metros, que foi arrancado pelo Legacy.