O ex-presidente Lula (PT) é alvo de diversas linhas de investigação na Operação Lava Jato. Os casos mais avançados são a ação penal na Justiça Federal de Brasília, envolvendo a tentativa de impedir a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, e o indiciamento em Curitiba envolvendo a posse do tríplex no Guarujá (SP). Porém, há outros procedimentos em andamento. Confira:
Denúncia
A Justiça Federal de Brasília recebeu no final de julho uma denúncia e transformou em réus Lula, o ex-senador Delcídio do Amaral e mais cinco pessoas por tentativa de obstrução da Lava Jato. Eles são acusados de participar de uma trama para impedir a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Tríplex no Guarujá:
Na semana passada, o ex-presidente Lula e sua esposa foram indiciados em um inquérito da PF que investigava a reforma em um tríplex no Condomínio Solaris, no Guarujá. Lula é suspeito dos crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, o valor gasto na reforma – R$ 1,1 milhão – foi uma forma de pagamento de propina a Lula por contratos públicos.
Segundo reportagem da revista Veja, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto teria confirmado a Léo Pinheiro, presidente da OAS, que Lula seria o proprietário de um tríplex e ficou combinado que o valor da reforma realizada pela OAS seria abatido das propinas que o PT tinha a receber decorrentes de contratos na Petrobras.
No mesmo inquérito, a PF concluiu que a OAS também pagou a mudança do acervo de Lula em Brasília, após o término do seu mandato presidencial. Segundo a PF, R$ 1,3 milhão foram gastos no contrato de transporte, feito em nome da construtora, mas destinado ao ex-presidente.
Sítio em Atibaia:
Outro inquérito, em fase final, investiga compra e reformas no sítio Santa Bárbara, em Atibaia, interior de São Paulo. O imóvel, segundo investigadores da Lava Jato, pertence a Lula e recebeu obras da OAS e da Odebrecht.
Um laudo da Polícia Federal apontou que a propriedade só tem indícios de utilização por parte da família de Lula, embora a defesa do ex-presidente negue que ele seja o real proprietário.
Um relatório da PF que analisou mensagens de telefone do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, e do engenheiro Paulo Gordilho reforça os indícios. O presidente teria, inclusive, pedido a construção de uma ‘igrejinha’ na propriedade rural.
LILS e Instituto Lula:
Também precisam de explicação pagamentos para a LILS – empresa de palestras do ex-presidente – e doações para o Instituto Lula investigados na Operação Aletheia, que teve o ex-presidente como alvo em março desse ano. Segundo o MPF, as cinco maiores empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 60% das doações ao Instituto Lula e 47% dos pagamentos por palestras entre 2011 e 2014. O valor chega a R$ 30,7 milhões - R$ 20,7 milhões foram destinados ao instituto e R$ 10 milhões para a LILS, empresa de palestras de Lula.
Caixa Dois
O ex-presidente também é investigado na Operação Resta Um – 33ª fase da Lava Jato. A força-tarefa apura se o dinheiro desviado da Petrobras abasteceu a campanha de reeleição de Lula em 2006. O consórcio Quip, liderado pela Queiroz Galvão, teria repassado R$ 2,4 milhões ao caixa dois da campanha petista, de acordo com delatores.
Obstrução da Justiça:
No STF, há um inquérito que investiga Lula e Dilma por obstrução de Justiça. São alvo da mesma apuração os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante. Para investigadores da Lava Jato, a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil teria o único objetivo de retirar das mãos de Moro as investigações contra o ex-presidente. Uma gravação – que foi invalidada pelo STF – expõe um diálogo entre Lula e Dilma em que a presidente diz que está enviando o termo de posse para que Lula use “em caso de necessidade”. Para os investigadores, o episódio mostra que o termo seria usado caso Lula tivesse a prisão decretada por Moro.