A divulgação dos supersalários do Tribunal de Jutiça do Paraná(TJ) surpreendeu os próprios servidores do órgão. "O telefone aqui tocou o dia inteiro, com os servidores querendo saber o que estava acontecendo", diz o presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do estado do Paraná (Sindijus-PR), José Roberto Pereira. O Sindicato enviou um ofício ao TJ, cobrando explicações oficiais sobre os supersalários.

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Segundo Pereira, a notícia do pagamento de valores muito acima do praticado pelo mercado a profissionais do Tribunal gerou constrangimentos para os próprios funcionários. "Muita gente recebeu ligações de parentes pedindo dinheiro emprestado, achando que todo mundo que trabalha no Tribunal é milionário. Um adolescente infrator chegou a pedir uns trocados para uma assistente social, argumentando que ela era rica." De acordo com o site do TJ, uma assistente social do órgão chegou a receber R$ 21.279,14 de vencimentos em dezembro.

Em outro caso, quase ocorreu um problema de família. De acordo com Pereira, o ex-marido de uma psicóloga do Tribunal telefonou para a antiga companheira dizendo que iria pedir a revisão do pagamento de pensão. "Ele disse que, como ela estava ganhando muito mais do que ele, não iria continuar pagando aquele valor, que aquilo era um absurdo." O portal da transparência do tribunal mostra que um psicólogo do TJ recebeu R$ 12.038,00 de vencimentos em dezembro. "Toda essa situação só complica a categoria", afirma Pereira.

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O oficial judiciário Eduardo Wyatt Maria Sobrinho diz ter levado um susto quando viu que seu cargo poderia receber um salário de R$ 62.379,00. "Fiz três faculdades. Entrei no TJ em 1977 e ralei muito. Hoje, com todos as gratificações possíveis, recebo cerca de R$ 6 mil bruto, bem longe desses R$ 60 mil que apareceram no site", diz. Sobrinho conta que a sede do Tribunal, no Centro Cívico, estava "em polvorosa" ontem.

Para o oficial judiciário, não há casos de servidores ganhando mais do que permite o limite imposto pela Constituição Federal no órgão. "Ninguém entendeu nada. Teve um erro aí. Não se recebem salários assim no Tribunal."

Ele diz que conhece, inclusive, muitos funcionários que tiveram de abrir mão do plano de saúde do tribunal. "Muita gente faz isso para conseguir o empréstimo consignado. Se todos fossem milionários, como aparece na relação, não haveria esse tipo de dificuldade."