Laudo pericial do Ministério Público Federal (MPF) revela que, por mais de uma vez, pagamentos da Petrobras para o consórcio CNCC (controlado pela construtora Camargo Corrêa), referentes às obras da Refinaria de Abreu e Lima (PE), foram repassados logo em seguida para contas das empresas do doleiro Alberto Youssef. Algumas transferências ocorreram em apenas 24 horas. Entre o CNCC e as empresas do doleiro, o dinheiro passava pelo Grupo Sanko-Sider, fornecedor de materiais para o consórcio. O documento indica o trajeto das transferências bancárias que iam aportar nas empresas de fachada do doleiro. A perícia foi anexada aos autos do processo federal sobre desvios e superfaturamento na refinaria.
Em um dos repasses analisados, a Petrobras adiantou R$ 6,62 milhões para o consórcio CNCC em 17 de janeiro de 2011. No mesmo dia, o consórcio transferiu por meio de TED (Transferência Eletrônica Disponível) para a Sanko-Sider, fornecedora de tubos para a obra, R$ 5,91 milhões. No dia seguinte, a Sanko repassou para a MO Consultoria, empresa de fachada de Youssef, R$ 1,7 milhão.
Ainda no dia 18, a MO Consultoria repassou R$ 238,5 mil para a conta da Labogen Química Fina, por meio de duas TEDs. A indústria também era controlada, segundo a PF, pelo doleiro. O laudo aponta ainda que operações semelhantes ocorreram diversas vezes, várias delas no prazo de um dia. Os peritos identificaram 17 conjuntos de operações que "evidenciam que as empresas Sanko recebem recursos do Consórcio CNCC e da Construtora e Comércio Camargo Corrêa nas obras da Abreu e Lima e realizaram transferências para as investigadas [empresas de fachada de Youssef] em datas idênticas, ou próximas".
O laudo é subscrito pelos analistas Jonatas Sallaberry e Júlio Austríaco, peritos em contabilidade, e informa ainda que as empresas Sanko receberam R$ 195,5 milhões do consórcio CNCC, entre 26 de outubro de 2010 e 26 de dezembro de 2013, além de outros R$ 3,6 milhões da construtora Camargo Corrêa integrante do consórcio , a partir de 26 de junho de 2009.
Outro lado
O laudo não imputa ilícitos às partes envolvidas na transação, apenas descreve as transferências. As empresas negam qualquer ilegalidade. Anteriormente, quando questionado sobre os repasses às empresas de Youssef, a Sanko-Sider enfatizou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "busca demonstrar de forma transparente sua idoneidade construída com trabalho e dedicação ao longo de 18 anos, reconhecidos pelo mercado". A empresa observou ainda que as investigações "vêm confirmando que as informações prestadas pelo Grupo Sanko são absolutamente corretas e as operações seguem as normas legais vigentes".
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