Turismo e conab
Novos titulares prometem "limpeza"
Recém-empossados nos cargos, os ministros do Turismo e da Agricultura prometem uma limpeza em suas pastas, envolvidas em denúncias recentes de corrupção. Gastão Vieira, que comanda o Turismo, decidiu suspender, a partir de amanhã, todas as parcerias com ONGs para promoção de eventos e qualificação de mão de obra para o ramo turístico fonte de desvios de dinheiro.
Já o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, promete uma reformulação na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), outro foco de denúncias. Ele estaria aguardando apenas a conclusão de sindicâncias internas que estão sendo realizadas em todo o ministério.
Das agências
No comando do rateio de recursos milionários do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, abrigou parte da cúpula do seu partido, o PDT, na pasta. E ainda encontrou brechas para turbinar centrais sindicais (uma delas ligadas à legenda), mesmo impedidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de receber dinheiro público devido a irregularidades no passado. Só neste ano, entidades vinculadas a essas centrais já receberam R$ 11 milhões.
Sucessor de Leonel Brizola na presidência do PDT, Lupi chegou ao ministério em 2007, após perder a disputa para governar o Rio de Janeiro e por ter apoiado a reeleição de Lula. Ele tirou licença do comando do PDT para assumir o ministério, mas continuou mandando no partido.
No mesmo ano em que assumiu o ministério, Lupi abriu caminho para o repasse de verbas do FAT a centrais sindicais, por meio de convênios com sindicatos ligados a elas. Essa centrais estão proibidas pelo TCU de receber dinheiro público por fraudes e irregularidades na prestação de contas. A justificativa foi "a necessidade de novos parceiros" para cuidar da intermediação de ofertas de emprego nas cidades de São Paulo e do Rio.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, ligada à Força Sindical, tomou a liderança do repasse de verbas do ministério para agências de emprego. O convênio em curso soma R$ 46,4 milhões. E a confederação é comandada por Mônica de Oliveira Lourenço Veloso, que também é diretora da Força. A central sindical é presidida por Paulo Pereira da Silva, deputado federal pelo PDT.
A brecha também resultou na contratação do Sindicato dos Alfaiates, Costureiras e Trabalhadores da Confecção do Rio. A entidade usou parte do convênio de R$ 6 milhões para reformar e mobiliar sua sede. E reativou um Centro de Atendimento ao Trabalhador.
O sindicato é filiado à União Geral dos Trabalhadores (UGT). "Isso dá visibilidade às centrais", admite o deputado Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da UGT, que intermediou o convênio. "Fiquei intercedendo junto ao Lupi, deu trabalho."
Além de conseguir repassar recursos de forma indireta para a central ligada ao PDT, o ministro também "aparelhou" a cúpula do Trabalho. Ele mantém dez integrantes da Executiva do PDT em postos de comando do ministério e um outro na Fundacentro, instituição ligada à pasta que recebeu neste ano R$ 45,7 milhões. "Todos são filiados ao PDT, o que pesou, sim, para suas nomeações", confirmou o ministro. "Reitero que todos os seus cargos são de livre provimento."
Sobre as entidades que receberam dinheiro, Lupi alega que a escolha delas obedeceu a um "edital de chamada pública de parceria" com ampla divulgação no Diário Oficial.
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