Vereador se diz abalado e adia votação do ônibus "panterão" em Curitiba

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Mesmo marcada para a sessão desta terça-feira (17), a votação do projeto de lei que institui em Curitiba ônibus reservado para mulheres, conhecidos como "panterão", foi adiada por 50 sessões. O pedido de adiamento partiu do vereador Rogério Campos (PSC), autor da proposta, e foi aceito por 18 dos 33 vereadores presentes na sessão plenária.

O vereador justificou o adiamento por não estar em condições psicológicas para debater o projeto em plenário, depois da discussão que teve com a vice-prefeita, Miriam Gonçalves (PT), em visita aos moradores do Tatuquara, atingido por chuvas. "Ela me ameaçou. Fui humilhado por uma mulher, e não tenho condições psicológicas de votar esse projeto agora", disse o vereador.

A sessão foi marcada pela presença de manifestantes no plenário, que pediam a retirada de pauta do projeto. Campos também se disse abalado com isso. "As pessoas que estão me desrespeitando são do mesmo grupo político dela [Miriam Gonçalves]. Não há condições de votar o projeto dessa magnitude nessas condições", afirmou.

De acordo com a representante da Marcha Mundial de Mulheres, Marilda Ribeiro da Silva, o adiamento do projeto vai prolongar uma discussão desnecessária. "Queremos que a violência contra a mulher seja discutida na Câmara, mas não da forma como o projeto faz", disse. Para Marilda, o projeto não resolve nem o problema do transporte coletivo nem o da violência contra as mulheres. "A segregação não é a solução", acrescentou.

Após a decisão pelo adiamento da votação, a vereadora Professora Josete (PT) falou que entende a boa intenção do vereador Rogério Campos, mas disse que o projeto não resolve o problema da violência de gênero. "A solução está na criação de políticas públicas de enfrentamento à violência", afirmou a vereadora.

O projeto

O projeto prevê que, nos horários de maior movimento, 20% da frota deva ser composta por ônibus exclusivos para mulheres. Caso o texto seja aprovado, a fiscalização ficará com a Prefeitura. A proposta inicial é que o ônibus rosa circule nas principais linhas da Rede Integrada de Transporte (RIT) e passe às demais linhas, conforme a necessidade.