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Em entrevista, vereadora desmentiu boatos de que foi forçada a não participar da eleição

Depois de subir à tribuna da Câmara e falar pela primeira vez em público sobre a denúncia de autossequestro, a vereadora Ana Maria de Holleben (PT) recebeu a imprensa no seu gabinete nesta segunda-feira (18). Ela disse que se arrependeu de não ter dado entrevistas nos últimos dias. Mais uma vez, ela negou a acusação de autossequestro e que não sofreu pressão para sumir no dia da eleição da mesa diretora da Câmara.

Ana Maria desmentiu os boatos de que foi forçada a não participar da eleição para a presidência da Casa, no dia 1º de janeiro, e afirmou que queria ter participado da escolha. Relatou que após a posse foi a uma padaria e tomou um medicamento para dor de cabeça.

Disse ainda que no dia 2 de janeiro estava numa área rural de Piraí do Sul, nos Campos Gerais, onde pediu ajuda em uma casa. Ela teria usado o celular da dona da casa para ligar para o filho dizendo que estava bem. Ela afirmou desconhecer se o filho dela e o motorista Idalécio Valverde da Silva conversaram entre si sobre o sumiço da vereadora, pois os dois deram a versão, na época do desaparecimento, que a vereadora havia sido sequestrada.

Após a ligação para o familiar, Ana Maria teria ido de táxi até Castro e se encontrado com o filho, que a trouxe para Ponta Grossa. Já na cidade, ela foi hospitalizada e, em seguida, presa sob a acusação de falso sequestro.

Alvo de dois processos investigativos na Câmara Municipal de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e sob a acusação de forjar o próprio sequestro, a vereadora Ana Maria de Holleben (PT) falou na tribuna da Casa na tarde desta segunda-feira (18) durante a primeira sessão do ano. Ela frisou que não se lembra dos fatos ocorridos após a sua posse, no último dia 1º de janeiro, e que vai responder aos dois procedimentos abertos no Legislativo para investigar a sua conduta, porém, não quer que os vereadores façam um "espetáculo" no desenrolar das investigações.

Com as galerias da Câmara repletas de eleitores, a vereadora Ana Maria afirmou que está com diagnóstico de depressão profunda desde julho do ano passado, mas que não quer se licenciar da Câmara no cumprimento do seu segundo mandato. Mesmo depressiva, ela concorreu às eleições municipais e conquistou 2.084 votos.

A vereadora reconheceu que bebeu uísque na virada do ano, mas que ingeriu apenas meia dose do antidepressivo para não prejudicar o tratamento. Ela acrescentou que foi à sessão solene de posse muito cansada, pois na noite anterior não conseguiu dormir direito devido ao barulho de vizinhos que faziam uma festa de Ano Novo.

Ana Maria relatou que após a posse foi a uma padaria com o motorista Idalécio Valverde da Silva e que logo após ele levou a mãe da vereadora e a sua esposa, Susicléia Rocha Valverde da Silva, embora. Como Ana Maria havia manifestado vontade em "dar uma volta" antes de ir para a Câmara para a eleição da mesa diretora, Idalécio chamou o motorista Reginaldo da Silva do Nascimento.

Reginaldo foi a última pessoa a estar com a vereadora antes do seu sumiço. Após isso, a vereadora disse que não se recorda de mais nada. Na mesma semana, Reginaldo, bem como Idalécio e Susicléia foram presos acusados de serem cúmplices do autossequestro. Alguns dias depois, eles foram liberados.

Durante a fala da vereadora na tribuna, que durou 15 minutos, ela não esclareceu detalhes do desaparecimento nem falou sobre a acusação de autossequestro. Acrescentou que foi a primeira vez em dois mandatos que subiu à tribuna para se defender de uma acusação e relembrou as lutas enquanto vereadora, como a regularização de loteamentos e a defesa da aposentadoria das donas de casa. Ela deixou a tribuna sob vaias e aplausos do público presente nas galerias da Câmara.

Reforço policial

A Casa recebeu reforço policial e o público lotou a Câmara com mensagens pró e contra Ana Maria ao longo do dia. A vereadora chegou pouco antes de começar a sessão e não falou com a imprensa antes da sessão (leia mais ao lado). Os repórteres, que normalmente ficam dentro do plenário, foram orientados a permanecer na sala de imprensa, enquanto apenas os fotojornalistas e os repórteres cinematográficos puderam ficar ao lado dos vereadores.

Com o tumulto na Câmara, o presidente Aliel Machado (PC do B) pediu ao público presente para ficar em silêncio para facilitar as discussões em plenário, caso contrário iria pedir mais policiais no prédio. Entre os presentes, alguns seguravam faixas pedindo "moralização" no caso, enquanto outros aplaudiam Ana Maria.

Eleita para o seu terceiro mandato, a vereadora ganhou notoriedade ao ser presa acusada de simular o próprio sequestro para atender a interesses particulares ao não votar na eleição da mesa diretora da Casa. Ela responde a inquérito policial e aos processos na Câmara.

Prefeito

O prefeito, Marcelo Rangel (PPS), também discursou para dar boas-vindas aos vereadores, porém, não fez menção ao caso de Ana Maria, apesar de ela fazer parte da bancada de oposição ao prefeito.

A sessão chegou a ser paralisada para que os líderes partidários escolham os representantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e da Corregedoria. Ambas foram compostas, principalmente, por vereadores da situação ao Executivo. A Corregedoria, que vai culminar com a advertência ou a cassação da vereadora, tem como presidente o vereador George Luiz de Oliveira (PMN), que é líder de governo na Casa. Foram escolhidos os membros Sebastião Mainardes Junior (DEM), Alysson Zampieri (PPS), Valdenor Paulo do Nascimento (PSC) e Jorge da Farmácia (PDT).

Os vereadores George, Mainardes e Alysson também compõem a CPI na qual os vereadores Pietro Arnaud (PTB) e Antonio Laroca Neto (PDT) também foram eleitos membros. A CPI tem 90 dias para ser concluída, mas o prazo pode ser prorrogado por igual período. Os membros ainda vão se reunir para definir quem serão o presidente e o relator. Já o vereador George, corregedor, vai indicar um relator que terá 10 dias para dar seu parecer sobre o início ou não da investigação contra a vereadora.

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