A vereadora na cidade de Ponta Grossa, Campos Gerais, Ana Maria de Holleben (sem partido), renunciou ao mandato no fim da manhã desta sexta-feira (30). O documento de desistência do cargo foi protocolado dez minutos antes de começar a sessão que votaria o pedido de cassação contra ela, proposta por Comissão Parlamentar Processante (CPP) da Câmara Municipal, iniciada ao meio-dia. Ana Maria é acusada de forjar o próprio sequestro em janeiro deste ano para não participar da eleição da Mesa Diretiva do Legislativo. O pedido foi apresentado pelo advogado da parlamentar, Davi Alessandro Donha Arteiro. A renúnica não a livra do risco de perder os poderes políticos.
A sessão foi aberta pelo presidente da Casa, Aliel Machado (PC do B) que, em seguida, anunciou o pedido de renúncia da vereadora. Um grupo de pessoas, que lotava as galerias da Câmara, aplaudiu a informação. Após isso, a sessão foi suspensa. Machado e o departamento jurídico da Câmara se reuniram a portas fechadas para decidir o quê fazer a partir da renúncia.
Às 12h32, a sessão foi retomada e a renúncia de Ana Maria foi lida oficialmente. Considerando haver perda de objeto, o processo que pedia a cassação da vereadora por quebra de decoro parlamentar foi extinto. "Essa é a maior prova de que, nessa gestão, não acaba em pizza. Tomamos as decisões corretas, enfrentamos todos os desafios. A situação foi resolvida e agora bola para frente", disse Machado.
Para o presidente da CPP, Márcio Schirlo, a decisão da parlamentar encerrou um episódio que se arrastava há oito meses gerando desgaste de todo o Legislativo. "Com tudo isso, a população de cidade vê um resultado do parlamento e da Comissão que recomendou a cassação e culminou com a renúncia".
Enquanto a sessão era encerrada e o advogado de defesa da vereadora falava sobre a decisão de renunciar, Ana Maria participava de um programa de televisão ao vivo. Na exclusiva, ela se disse perseguida pela imprensa e por alguns órgãos e sem condições médicas de continuar no mandato. "Precisa ter coragem para aguentar o que eu agüentei", declarou na entrevista.
Ana se negou a falar com os demais veículos de comunicação e saiu da emissora escondida em um carro emprestado.
Inelegível
A renúncia da vereadora às vésperas da votação pela cassação de seu mandato não a livra, automaticamente, do risco de perder os direitos políticos. Segundo a Lei da Ficha Limpa, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), os políticos que renunciarem ao mandato após o oferecimento de representação por quebra de decoro ficam inelegíveis pelo período restante do mandato e pelos oito anos seguintes.
Suplente assume
Com a saída de Ana Maria quem passa a ocupar a cadeira é o 1º suplente, José Nilson Ribeiro (PT). A posse do novo vereador está prevista para a sessão ordinária de quarta-feira (4).
"Me surpreendi com a renúncia, mas acho que foi menos traumático. Vou trabalhar e fazer o meu papel. Minha vida toda trabalhei para o movimento sindical e popular e é por esse povo que vamos continuar trabalhando", declarou.
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