Atrás de portas trancadas, a vereadora Ana Maria Branco de Holleben (PT), de Ponta Grossa nos Campos Gerais, prestou seu depoimento, na tarde desta sexta-feira (19), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o suposto autossequestro da parlamentar no dia 1º de janeiro de 2013, quando faltou à eleição de Mesa Diretora da Casa. O depoimento durou mais de duas horas e, segundo o presidente da comissão, o vereador de George Luiz de Oliveira (PMN), ela não acrescentou nenhuma informação relevante ou de grande destaque à sua versão sobre os fatos.De acordo com ele, a vereadora descreveu com mais detalhes o seu desaparecimento. "A Ana continua dizendo que quis dar uma volta, pois se sentia perturbada, e pediu para que o Reginaldo [da Silva Nascimento] tocasse o carro sentido a Castro. Ela não disse que não queria votar", afirma George. Reginaldo, que é funcionário da Câmara, teria levado a vereadora até o suposto cativeiro. "Nas questões mais contundentes, ela alega que não lembra os fatos", completa o presidente da CPI. Ainda segundo ele, a vereadora afirma que não recebeu nenhum tipo de oferta para não comparecer à votação. "Ela veio aqui mais para fazer um desabafo, na verdade".
Numa rápida entrevista coletiva, depois de seu depoimento, Ana Maria disse que, em alguns momentos, falou longe do microfone sobre certos detalhes que, segundo ela, eram "muito pessoais". "Agindo involuntariamente, eu me prejudiquei, bem como à minha família e alguns amigos", reconhece.
A CPI deve se reunir na próxima quinta-feira (25), às 14 horas, para confrontar o depoimento da vereadora com o que já disseram outros dois envolvidos: Reginaldo e Idalécio Valverde da Silva, também funcionário da Câmara Municipal, que estaria fazendo a segurança particular da vereadora no dia em que ela desapareceu. Idalécio chegou a declarar para a imprensa, no dia 1º de janeiro, que a situação foi realmente um sequestro. "O Idalécio disse que não encontrou o Reginaldo em momento algum, só que a vereadora saiu do carro de um carro e entrou no carro do outro, ficou óbvio que eles se viram. Não sei qual é a gravidade, mas existe contradição. Temos que concluir a CPI até o dia 18 de maio, mas vamos ter de solicitar a prorrogação por mais 90 dias. De qualquer forma, não vamos utilizar todo o prazo da prorrogação", afirma George.
Advogado e vereadora divergem
O advogado de defesa da vereadora, Fernando Madureira, deve conversar com a cliente na próxima semana para decidir se segue ou não no caso. Os dois divergem quanto à suspensão condicional do processo proposto pelo Ministério Público Estadual. A vereadora ficaria livre do julgamento caso aceite pelos próximos dois anos, prazo da suspensão ausentar-se da comarca de Ponta Grossa apenas com autorização judicial e prestar informações à Justiça, todo mês, sobre suas atividades. Ela ainda não foi intimada, mas afirma que pretende não acatar a suspensão. Já o advogado pensa diferente: "eu acho que é bom até para a saúde dela, já que a continuidade do processo seria desgastante. Se ela não aceitar, sou obrigado a repensar minha participação no caso".