Vereadores concentram emendas em asfalto e academias ao ar livre

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Os vereadores de Curitiba decidiram apostar em pavimentação e academias ao ar livre no orçamento de 2015. De acordo com as regras estabelecidas pela prefeitura, cada parlamentar municipal tinha R$ 700 mil para decidir como usar do orçamento. Houve quem gastasse mais de 80% dessa verba só com asfalto nos bairros. E houve quem decidisse pedir a construção de até seis novas academias ao ar livre na cidade.

INFOGRÁFICO: Saiba se sua rua ou seu bairro serão contemplados com emendas para pavimentação e academias em 2015

Os pedidos de pavimentação são um "clássico" das emendas orçamentárias. Em 2015, se todas elas fossem executadas, os vereadores teriam garantido asfalto para 28 trechos de ruas, num total de R$ 4,2 milhões em investimentos. No entanto, como a execução do orçamento não é obrigatória, o valor real investido será decidido pela prefeitura ao longo do ano.

"O asfalto é o tipo de investimento em que todo mundo ganha", diz o vereador Sabino Picolo (DEM), que foi o que mais destinou emendas para pavimentação: usou R$ 617 mil dos seus R$ 700 mil. "A população pede porque facilita a vida, não fica mais nem barro nem lama na frente de casa. Para o vereador, é importante eleitoralmente. E para a prefeitura também há ganhos", diz ele, que todos os anos opta por gastar a maior parte de suas emendas com asfalto.

Prática esportiva

As academias ao ar livre, por outro lado, são uma novidade no dia a dia dos vereadores. Mas eles já perceberam que a população pede muito esse tipo de equipamento. "Teve uma associação que quase rompe comigo se eu não peço uma academia", diz o líder do prefeito Gustavo Fruet PDT) na Câmara, vereador Paulo Salamuni (PV). O recorde de pedidos de academia ao ar livre ficou com Dirceu Moreira (PSL), que inclui seis no orçamento, cada uma por R$ 35 mil. O ímpeto para conseguir as academias é tão grande que três vereadores chegaram a pedir um equipamento para o mesmo jardinete no bairro Uberaba.

Caso todas as obras fossem feitas, isso aumentaria em um terço as academias ao ar livre de Curitiba. Hoje são 164 espalhadas pelos bairros. Além do custo de implantação (que chega a R$ 46 mil no caso das academias híbridas, que servem também para deficientes físicos), as academias trazem um custo permanente de R$ 9 mil ao ano, para pintura, troca de materiais e manutenção.

Segundo o cientista político Fabrício Tomio, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o cálculo dos vereadores ao decidir onde investir as suas emendas passa por alguns critérios. "Eles querem obras que a população deseje, que não sejam caras demais para que eles possam bancar com suas emendas, e que deem visibilidade", afirma. De preferência, devem ser obras "individualizáveis", para que o vereador possa reivindicar sua "paternidade" para os moradores da região.