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A Câmara Municipal de Porto Alegre criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar um protesto feito na Casa em julho. Manifestantes devem ser convocados para depor.

Naquele mês, centenas de integrantes do Bloco de Luta Pelo Transporte, grupo que reúne entidades que pedem o passe livre, acamparam por oito dias no plenário.

O objetivo da "CPI da Invasão", segundo o presidente Reginaldo Pujol (DEM), é apurar as circunstâncias do protesto e o apoio de vereadores ao movimento. A comissão começou os trabalhos na segunda-feira.

O protesto em julho ganhou grande repercussão após dezenas de manifestantes posarem para uma foto sem roupa dentro da Câmara. A imagem se espalhou pelas redes sociais.

A desocupação ocorreu de maneira pacífica após uma longa negociação mediada por uma juíza. A Câmara fez uma lista de 14 itens com instalações danificadas no período, incluindo cadeiras, pias e vidros. Pujol, que chama os manifestantes mascarados de "facínoras", diz que o fato de a Casa ter ficado com seu funcionamento comprometido por tantos dias justifica a instauração da comissão e que a cidade foi "agredida" com a invasão.

O vereador do DEM, no entanto, teme que a CPI provoque uma radicalização do grupo. Ele pede reforço na segurança da Casa.

"Investigaremos inclusive colegas nossos [da Câmara] se vier a ser confirmado que eles não só foram solidários como estimularam fortemente a invasão e, mais do que isso, toda a situação que terminou naquela festa da nudez."

Dentro da Câmara, a criação da CPI é contestada. O PSOL boicotou a comissão e afirma que os vereadores nunca se mobilizaram para investigar os custos do transporte público, causa que motivou a ação dos ativistas.

O Bloco, em sua página no Facebook, diz que a CPI foi criada para desviar o foco de uma outra comissão aberta no Legislativo que investiga supostas irregularidades em uma estatal do município, a Procempa.

O integrante do Bloco Luciano Barcellos, que participou da ação na Câmara, afirma que a comissão "criminaliza os movimentos sociais" e passa por cima de um acordo feito na Justiça na época da desocupação. Ele contesta a lista de itens danificados feita pela direção da Casa.

"É um gasto de energia desnecessário, já que há tantas outras coisas a serem tocadas", diz.

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