Maringá A cidade de Lobato, Noroeste do Paraná, dá exemplo de que fazer política não é somente para adultos. Uma Câmara Municipal de Vereadores Mirins está atuando desde maio deste ano e ensinando, na prática, cidadania para as crianças. São nove vereadores e três suplentes, com idade entre 10 a 13 anos, que apresentam e votam projetos de interesse da comunidade. O mandato é por um ano e pode haver reeleição.
Os vereadores mirins foram escolhidos por meio de votação entre 300 alunos de 5.ª a 8.ª série da Escola Estadual Osvaldo Aranha. "Na televisão, a gente só vê corrupção e suborno", compara a vereadora mirim Carolina Ribeiro Borin, 12 anos. "Agora a gente sabe que não é só isso". Ela foi eleita com 15 votos entre os alunos da 7.ª série e apresentou um projeto sobre aulas de futebol feminino, que já foi implantado.
O criador do projeto que implantou a Câmara Mirim foi o presidente do Legislativo, Renato Bergamo (PTB), 41 anos. Ele apresentou um projeto de lei em setembro do ano passado, e a direção da escola articulou a eleição dos candidatos com aprovação da equipe pedagógica, já que funcionaria como se fosse uma aula de política. "Nós não sabemos quais são os anseios das crianças", justifica Bergamo. "Queremos preparar o jovem para o futuro e evitar que a política tenha os problemas que tem agora em todo o país."
Trabalho
Os jovens eleitos acompanharam duas sessões da Câmara de Vereadores e elaboraram o próprio regimento interno com ajuda dos parlamentares adultos. As sessões do Legislativo acontecem toda segunda-feira das 20 às 21 horas. Já a da Câmara Mirim é realizada quinzenalmente, na hora anterior à sessão dos vereadores oficiais.
A maioria dos projetos apresentados pelas crianças é ligada às rotinas que elas têm. Como reforma para parques infantis, colocação de traves em campos de futebol, criação de estacionamento para bicicletas. Mas também há preocupação com o bem estar da comunidade. Os vereadores mirins já votaram um projeto para reforçar o policiamento escolar e identificar ruas com placas. Ambos foram encaminhados para a Câmara de Vereadores oficial que votou, também aprovou e estão em fase de implantação.
Futuro
Depois de aprender os procedimentos legais e políticos, três dos vereadores mirins anunciam vontade de fazer carreira e se tornar político quando ficar adulto. É o caso de Marcos Vinícius Pereira, 11 anos; Aline Faria de Oliveira, 13 anos, e a Adhila Carolyna Peixoto, de 11 anos. "O meu pai fala para estudar e ser vereador para ajudar a comunidade", comenta Marcos.
Já Adhila quer seguir os passos da mãe, que ocupa uma das cadeiras no Legislativo de Lo-bato. E Aline planeja melhorar tudo na cidade. O próximo projeto a ser votado pela Câmara Mirim é sobre uma horta comunitária para ajudar os moradores carentes que não têm condições de comprar comida.