Decidido a curtir a aposentadoria depois de 51 anos trabalhando no Palácio do Planalto, José Henrique Nazareth, 78 anos, completou nesta quarta-feira (30) a lista de que tanto tem orgulho: apertar a mão de todos os presidentes para quem trabalhou.
Faltava apenas Dilma Rousseff que, hoje, recebeu Very Well, apelido de um dos funcionários mais antigos do Planalto, na garagem da presidência. Além do funcionário, participaram do encontro a mulher, a filha mais velha e dois netos.
"Eu pensei: será que vou embora e não vou falar com a dona Dilma? Foi uma surpresa", disse Very Well depois do encontro com a presidente.
Além do aperto de mão, ganhou seis fotos com ele, a família e a presidente. Entregou presente para Dilma - três anjos e um relicário - e ouviu da presidente um agradecimento em nome do povo brasileiro pelos serviços prestados.
A família toda se emocionou e Very Well não conteve as lágrimas, segundo relato da filha mais velha, Ludmila Nazareth.
Dilma quis saber quantos filhos o funcionário tem e o que os netos faziam da vida. O encontro durou cerca de cinco minutos na garagem privativa da presidente.
Nem Very Well nem a família se importaram com o fato de não terem sido recebidos no gabinete. "O importante é que ele se aposenta tendo apertado a mão da única presidente que faltava", diz a mulher do funcionário, Miriam.
Apenas o ex-presidente Luiz Inácio da Silva recebeu Very Well no próprio gabinete. Segundo Miriam, os outros apertos de mão foram todos em cerimônias oficiais ou encontros de fim de ano com servidores no Palácio.
A Secretaria de Imprensa da Presidência esclarece que é "praxe" a presidente receber no hall da garagem servidores e funcionários, em especial os que estão se aposentando ou trocando de local de trabalho.
Trajetória
Very Well ganhou esse apelido por arriscar frases em inglês. Chegou ao Planalto em 1961 para trabalhar como contínuo na antessala do gabinete presidencial de João Goulart (1961-1964). Estava trabalhando no dia do golpe militar, tema sobre o qual evita falar. "Converso sobre os militares outro dia com você", diz.
No governo do militar João Figueiredo (1979-1985), o funcionário foi transferido para o comitê de imprensa, onde ficou até essa semana, quando pediu para sair. Nos últimos tempos, com a memória fraquejando, tinha a função de arrumar os jornais e oferecer café aos repórteres. "Já estou mais pra lá do que pra cá", diz.
O funcionário se aposentou formalmente na década de 1990, mas continuou trabalhando no Palácio com um cargo comissionado que lhe garantia uma remuneração de cerca de R$ 2,7 mil.
Hoje, perguntado se Dilma era sua favorita, Very Well não hesitou em dizer que não. Para ele, Jango será sempre seu favorito pela simpatia e vontade e ajudar.
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