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O ministro da Pesca, Luiz Sérgio: desde que assumiu, em junho, já fez 20 viagens oficiais, sendo 11 para o Rio de Janeiro, seu estado | Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
O ministro da Pesca, Luiz Sérgio: desde que assumiu, em junho, já fez 20 viagens oficiais, sendo 11 para o Rio de Janeiro, seu estado| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Embora sejam responsáveis por políticas públicas para todo o país, ministros do governo têm privilegiado suas bases eleitorais nas viagens feitas em compromissos oficiais. Levantamento da Agência O Globo revela que de um terço a metade dos roteiros fora de Brasília são feitos perto de casa e, não raro, emendados com o fim de semana. O levantamento leva em conta apenas as viagens com justificativa de trabalho, pagas com verba pública.

Nomeado ministro da Pesca em junho, Luiz Sérgio já fez 20 viagens desde então, das quais 11 para eventos no Rio de Ja­­­­neiro, seu estado. Algumas não tinham conexão com as funções da pasta. Em uma ocasião, ele inaugurou, ao lado do governador Sérgio Cabral, 470 apartamentos em Angra dos Reis, seu reduto político. A obra não recebeu verbas da Pesca.

O Ministério da Pesca justificou que o Rio é um importante produtor de pescado e sedia empresas como Petrobras e Eletrobras, com as quais o setor dialoga. Quanto à inauguração dos apartamentos, explicou que, sendo natural de Angra, Luiz Sérgio acompanhou o drama dos desabrigados pelas chuvas. Por isso, recebeu convite de Cabral para o evento, como representante do governo federal.

Magnetismo semelhante exerce o Espírito Santo sobre a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes. Desde que assumiu, em janeiro, foram 48 viagens nacionais e internacionais, sendo 18 (40%) para sua terra natal. A secretaria alega que o Espírito Santo "tem de ter uma atenção especial", já que está à frente no ranking de assassinatos de mulheres.

Estatística idêntica à da ministra tem o titular do Esporte, Orlando Silva. Ele fez 23 (40%) de seus 57 deslocamentos para São Paulo, seu estado. A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, também faz quatro em cada dez viagens à capital fluminense. Foram 51 desde a posse, sendo 21 para o Rio. O baiano Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), com um total de 23 viagens, foi sete vezes a Salvador. Já o pernambucano Fernando Bezerra (Inte­­­gração) desembarcou 10 vezes em seu estado nas 34 vezes em que viajou.

O Ministério do Esporte informou que os compromissos em São Paulo são, na maioria, ligados à Copa e ao esporte. Ana de Hollanda esclareceu que, no Rio, estão entidades vinculadas à pasta, como Funarte, Ancine, Biblioteca Nacional e Museu de Belas Artes, além de patrocinadores da cultura. Esse foi o mesmo argumento do Ministério da Integração, que atribuiu as viagens de Bezerra a Pernambuco à presença de órgãos federais sediados em seu estado, além de obras. O Ministério do Desen­­­volvimento Agrário alegou que as viagens de Florence se baseiam em ações do governo. "A Bahia tem o maior número de agricultores familiares do país."

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