Se o governador Geraldo Alckmin é considerado um político sem apelo pessoal, e por isso até foi apelidado de 'picolé de chuchu', o que não dizer de Claudio Lembo, vice-governador que em breve assumirá o governo paulista por nove meses. Este professor universitário e advogado de 71 anos, que já foi reitor da Universidade Mackenzie, teve sua vida política marcada pela discrição e, apesar de ser o número 2 da política estadual em São Paulo, passa praticamente icógnito na maioria das solenidades oficiais no Palácio dos Bandeirantes.

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Em cerca de 40 anos de carreira, participou de poucas eleições, só disputando uma vez como candidato majoritário - e perdeu. Foi em 1978, quando tentou uma vaga ao Senado. Em 1989, compôs chapa à presidência da República como vice de Aureliano Chaves e também perdeu. Em 2002, novamente como vice, ganhou finalmente, desta vez tendo Alckmin como candidato principal.

No mais, o futuro governador paulista só ocupou cargos de confiança em secretariados formados por políticos eleitos. Foi assim entre 1986 e 1988, quando foi secretário de Negócios Jurídicos na gestão Jânio Quadros, e entre 1993 e 1996, como secretário de Planejamento do ex-prefeito Paulo Maluf.

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A habilidade de Lembo de ficar longe dos holofotes foi determinante na sua escolha para compor a chapa com Alckmin na eleição de 2002, afirmam analistas políticos. O PSDB não queria um vice muito ativo, para não ofuscar a então estrela do partido em ascenção.

O estilo discreto, quase apagado de Lembo é uma cópia fiel de seu padrinho político, o senador pernambucano Marco Maciel (também do PFL), que foi vice-presidente de Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2002.

Lembo deverá enfrentar pouca resistência nessa substituição a Alckmin, bem menos por exemplo do que enfrentaria Gilberto Kassab, vice de José Serra na prefeitura paulista. Como Alckmin está praticamente em fim de mandato, a entrada de Lembo é vista mesmo como provisória. Uma eventual saída de Serra, no entanto, após pouco mais de um ano de governo, deixaria Kassab à mercê da ira dos eleitores do tucano, contrários à saída dele.

Apesar da grande oportunidade política que surgiu, Lembo deve aproveitá-la pouco. Não só pelo tempo curto no comando da máquina estadual, mas também porque pretende abandonar a política ao final do mandato para se dedicar às aulas e à vida pessoal.

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