O juiz federal Sergio Moro, que atua nos processos da Operação Lava Jato, condenou um dos herdeiros da Mendes Junior, Sergio Cunha Mendes, a 19 anos e 4 meses de prisão. A empreiteira foi condenada a pagar uma multa de R$ 31,5 milhões, o mesmo valor da propina que a companhia pagou à diretoria de Abastecimento da Petrobras, ainda de acordo com o juiz.
O executivo foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Cunha Mendes foi vice-presidente da empreiteira da sua família até ser preso pela Lava Jato, em 14 novembro do ano passado, na sétima fase da operação. Ele se entregou à Polícia Federal em Curitiba em seu próprio jatinho.
Solto em 29 de abril por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Mendes estava em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Na sentença, o juiz determina que ele remova o acessório de monitoramento no prazo de cinco dias.
A empreiteira é acusada de pagar suborno em cinco obras da Petrobras, como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e Replan, refinaria que fica em Paulínia (SP). Boa parte das acusações foram baseadas em depoimentos do ex-diretor Paulo Roberto Costa, que relatou o suborno após fechar um acordo de delação premiada.
Também foram condenados outros dois executivos da empreiteira: Rogério Cunha Costa, que foi diretor da área de óleo e gás da Mendes Junior, terá de cumprir 17 anos e 4 meses, enquanto o engenheiro Alberto Elíseo Vilaça Gome s, que assinou contratos com a Petrobras, pegará 10 anos de prisão.
O operador Enivaldo Quadrado, que já havia sido condenado no mensalão, foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro. Moro disse na sentença que Quadrado confessou parcialmente os crimes, mas não forneceu elementos que ajudaram à investigação, como fazem os delatores.
Costa e o doleiro Alberto Youssef também foram condenados, mas o juiz suspendeu a pena porque ambos colaboraram com a Justiça.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Mendes e ressalva que não leu a sentença, diz que, assim como o juiz transformou a prisão preventiva em regra quando ela deveria ser exceção, agora quer dar exemplo ao condenar executivos que tiveram um papel secundário nesse processo a muitos anos de prisão. “O juiz quer tornar as condenações emblemáticas para dar exemplo, e a Justiça não foi feita para dar exemplo”, afirma Kakay.