O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse nesta terça-feira que a máfia descoberta pela Polícia Federal não atuava apenas no Ministério da Saúde, fraudando a compra de ambulâncias com recursos de emendas ao Orçamento Geral da União.
De acordo com o parlamentar, os criminosos também agiam no Ministério da Educação, influenciando a compra de transporte escolar para prefeituras financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); e no Ministério de Ciência e Tecnologia, no que diz respeito às verbas destinadas à inclusão digital.
- É uma tragédia isso que tá aí. É lamentável tudo isso que aconteceu. Permita-me este desabafo, depois dessas horas que acompanhei de depoimento - disse Jungmann.
Neste momento, a CPI dos Sanguessugas ouve o procurador da República do Mato Grosso, Lúcio Avelar, e o delegado da Polícia Federal, Tardelli Boaventura. Os dois foram responsáveis pelo início das investigações sobre o esquema de fraudes envolvendo empresários, parlamentares, funcionários públicos e prefeitos. Os depoimentos são secretos.
Raul Jungmann disse que, pelos relatos feitos nesta terça-feira, não é possível ter uma dimensão clara de quem operava a quadrilha e como ela agia. No entanto, seria possível perceber que pelos menos 300 prefeituras e aproximadamente 60 parlamentares estariam envolvidos no caso.
- Os depoentes de hoje disseram que seguramente é possível pedir o indiciamento de pelo menos 60 parlamentares - afirmou Jungmann, que também está certo da participação de membros da Mesa da Câmara no esquema, mas preferiu não revelar nomes.
- Pelos depoimentos que foram aqui tomados é absolutamente evidente a participação de alguns. Vamos assegurar o amplo direito à defesa, mas não vamos pactuar com isso. Existem membros da mesa que devem, sim, ser afastados - disse.
Para o deputado do PPS, existem brechas na legislação que permitem hoje fraudes nas emendas ao Orçamento. Jungmann defende mudanças urgentes.
- O orçamento hoje do jeito que está é uma peneira, por isso, tem que mudar. Ele entrou em colapso e não é possível conviver com uma mudança e revolução ética e moral com esse orçamento do jeito que está aí - concluiu.
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