O vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, prestou depoimento à Receita Federal nesta quarta-feira (18), por quase duas horas, na sindicância que apura o acesso aos seus dados fiscais. O caso envolve a suspeita da produção de um dossiê contra o tucano.
Ao deixar o prédio da Receita, Eduardo Jorge disse que se ofereceu para depor porque queria entregar documentos que, segundo ele, comprovam que seu sigilo fiscal foi quebrado. O tucano afirmou que a quebra do seu sigilo não foi feita apenas uma vez, mas por cinco anos.
No dia 19 de julho, o jornal "Folha de S.Paulo" publicou reportagem afirmando que os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, que fariam parte de um suposto dossiê contra o candidato tucano à Presidência da República, José Serra, teriam saído dos sistemas da Receita Federal.
Segundo o jornal, o suposto dossiê começava a ser montado com consentimento de um ala da pré-campanha da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.
Eduardo Jorge afirmou que pediu mais uma vez para ter acesso ao processo da sindicância. Segundo ele, a Receita negou, argumentando que a investigação é sigilosa.
"Eu não vejo nenhuma razão para ter sigilo, especialmente em relação à vítima. Eu não tenho o direito de saber?", questionou. Ele também afirmou que o sigilo no caso só interessa aos adversários políticos.
"Se foi aceito (o sigilo) com esse objetivo ou não, só quem sabe é quem está negando o acesso. Não tenho razão para desconfiar da Receita. Vou manter meu ceticismo até aparecerem os resultados".
Ele também se disse alvo de "perseguição" por parte do PT e disse acreditar que a investigação não será concluída antes das eleições. "Tenho certeza de que o governo não tem interesse em descobrir essa história antes das eleições", afirmou.
Investigação
Uma analista tributária da Receita Federal no ABC paulista é investigada pela suspeita de ter quebrado o sigilo fiscal de Eduardo Jorge, segundo informou o Sindicato Nacional da Carreira Auditoria da Receita Federal do Brasil (Sindireceita) no dia 21 de julho.
O vice-presidente do sindicato, João Jacques, afirmou que a servidora entrou em contato com dirigentes sindicais para pedir ajuda para se defender. Segundo ele, a versão da analista é a de que não se lembra de ter feito o acesso, que, de acordo com Jean Jacques, teria acontecido em outubro do ano passado.
A assessoria da Receita Federal em Brasília não confirmou que a mulher apontada pelo Sindireceita é a servidora investigada. De acordo com a assessoria, o processo é sigiloso.
O corregedor-geral Antonio Carlos Costa d´Avila Carvalho afirmou anteriormente, segundo a assessoria da Receita, que as investigações indicam que houve um acesso imotivado aos dados fiscais de Eduardo Jorge. Carvalho havia afirmado que pretende encerrar a investigação em 60 dias.
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