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Na que está sendo considerada pela própria Polícia Federal como uma de suas maiores operações contra a corrupção já realizadas, 25 mandados de prisão e 70 de busca e apreensão foram cumpridos nesta sexta-feira no Rio de Janeiro e em São Paulo, Bahia e Distrito Federal . Entre os presos está o desembargador José Eduardo Carreira Alvim, até a véspera vice-presidente do 2º Tribunal Regional Federal (TRF), que abrange Rio e Espírito Santo ( veja fotos da operação). O gabinete do desembargador - que já foi diretor geral da Escola de Magistratura e é autor de vários livros de Direito - foi lacrado pelos policiais. Outros dois desembargadores (um deles do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo); o procurador regional da Repúlica na 2ª Região, João Sérgio Pereira; dois delegados da PF (entre eles o chefe da PF em Niterói, Carlos Pereira), advogados, empresários e quatro bicheiros também foram detidos.

Em entrevista coletiva, o diretor de Inteligência da Polícia Federal, Renato Porciúncula, disse que, pelos dados que foram colhidos até agora, pode-se deduzir que esta é uma das maiores operações de combate à corrupção já realizadas no Brasil.

- Essa é uma organização criminosa que, pelo menos no nível das pessoas que foram detidas, achava-se acima de qualquer possibilidade de vir um dia a encontrar os trâmites legais correspondentes - afirmou Porciúncula, que afirmou que a organização montou uma rede de corrupção e de tráfico de influência para que pudesse desenvolver sua atividade criminosa tranqüilamente.

Os bicheiros presos são presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio (Liesa), Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães; Anísio Abraão David, presidente de honra da Beija-Flor, campeã do carnaval 2007; Antonio Petrus Kalil, o Turcão; e Júlio Guimarães, sobrinho do Capitão Guimarães. Anísio, Turcão e Capitão Guimarães estavam no grupo de 14 bicheiros condenados por formação de quadrilha pela juíza Denise Frossard em 1993.

- Foram presos os chefões, os capos dos capos. Muita água vai rolar ainda - afirmou um dos delegados que participam da operação.

Os presos na operação desta sexta-feira da Polícia Federal, batizada de Hurricane (furacão, em inglês), são acusados de exploração ilegal de jogos (bicho, bingo e caça-níqueis) e crimes contra a administração pública. Dos 25 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça, foram cumpridos 24 (um na Bahia e os demais no Rio).

Um ano de investigação

Na casa dos bicheiros foi tanto dinheiro em espécie apreendido que a Polícia Federal precisou de carros-fortes para transportá-lo. Além de notas de real, há dólares e libras esterlinas. O dinheiro apreendido será depositado em uma agência da Caixa Econômica Federal. Foram tantos também os carros apreendidos que a PF pediu uma área do Cais do Porto para guardá-los. Só do bicheiro Capitão Guimarães foram apreendidos dois Mercedes de luxo e um Vectra.

- A dificuldade maior agora é a contabilidade dos valores apreendidos - informou o delegado Renato Porciúncula.

A investigação começou há um ano, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao envolvimento de desembargadores. O trabalho se iniciou a partir da suspeita de importação ilegal de componentes eletrônicos para máquinas de caça-níqueis.

A operação foi desencadeada bem cedo, pela manhã. No início da tarde os presos estavam chegando à sede da PF na Praça Mauá, levados por policiais. O primeiro foi Capitão Guimarães. Ele chegou carregando malas, sem algemas. Os presos serão transferidos para Brasília e a expectativa é de que prestem depoimento ainda na tarde desta sexta.

Segundo a polícia, os bicheiros corrompiam autoridades em vários setores da administração pública e, a partir daí, construíam em torno de si uma rede de proteção jurídica e policial eficaz. Os bicheiros estariam se sentindo acima da lei, de acordo com um delegado federal.

- A quadrilha corrompia, lavava dinheiro, cometia diversos tipos de crime. Os caras mandavam e desmandavam - afirmou o delegado.

Anísio foi preso em casa, uma cobertura na Avenida Atlântica, em Copacabana, área nobre da Zona Sul do Rio. Já Capitão Guimarães foi detido em sua cobertura na Praia de Icaraí, na Zona Sul de Niterói.

Participaram da ação cerca de 300 agentes da Polícia Federal de vários estados: Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Em nota oficial, a Polícia Federal explicou a operação. Segundo a nota, o objetivo é "desarticular uma organização criminosa que atuava na exploração do jogo ilegal e cometia crimes contra a administração pública".

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