O presidente em exercício, José Alencar, e três ministros conversam na manhã desta quarta-feira com líderes de bancada e presidentes de comissão do Senado em mais um esforço do governo para aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. Para atrair os votos da oposição, eles acenarão com a perspectiva de redução do imposto provisório em 2009.
Nesta terça-feira, Alencar lembrou que qualquer alteração feita agora no texto original da emenda obrigaria o projeto a voltar à Câmara, o que atrasaria a votação e causaria, segundo ele, prejuízos ao país. Alencar irá ao Senado com os ministros interinos Nelson Machado (Fazenda) e João Bernardo (Planejamento), além de José Gomes Temporão (Saúde).
- O que se pode negociar, provavelmente, é alguma coisa mais para a frente, com compromisso seguro para ser cumprido pelo governo - disse Alencar, que chamou a manutenção da CPMF de "antipopular":
- O governo está absolutamente de acordo de que todos somos contra a CPMF. A verdade é que não podemos ser irresponsáveis do ponto de vista fiscal.
Nesta terça-feira, na primeira reunião dos líderes sem Renan Calheiros (PMDB-AL), que tirou licença de 45 dias, os senadores fecharam um acordo para destrancar a pauta de votações.Lula cobra da base aliada a aprovação da CPMF
Lula cobra
Na expectativa de que o Senado aprove a CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta terça-feira fidelidade dos aliados, dizendo que a base aliada tem de votar com o governo. O presidente deu uma espécie de ultimato aos partidos e mostrou-se irritado:
- Não acho que seja correto, em cada votação, as pessoas apresentarem sua pauta de reivindicação. Na hora de votação não tem negociação. Ou temos uma base aliada construída ou não temos base aliada. É uma base que tem um programa e que foi assinado por todos os partidos que a compõem. Não pode, a cada votação, alguém me entregar reivindicação e dizer que só vota se fizer isso. Assim não faço política. O Senado é soberano para tomar suas decisões. Nosso trabalho é construir a maioria numérica que temos. E precisamos fazê-la funcionar para votar favorável às coisas que o governo precisa votar - disse o presidente em Brazzaville, capital da República do Congo.
Lula provocou os senadores de oposição ao afirmar que, com raras exceções (os novatos), não há um deles que já não tenha votado a favor da CPMF. O tributo foi criado em 1996, como temporário, mas sua vigência foi prorrogada várias vezes.
- Acho importante que todos leiam e releiam os discursos que fizeram há quatro ou há oito anos. E que mantenham a posição que justificaram para votar a favor da última vez - disse Lula, referindo-se ao DEM e a parte do PSDB, que no passado apoiaram e hoje criticam a CPMF. O próprio Lula, porém, quando era oposição, criticou duramente a CPMF.
O presidente cobrou seriedade e lançou um desafio:
- Se algum senador votar contra, que diga, na hora de votar, onde vamos arrumar R$40 bilhões para fazer o que é preciso fazer. É só isso que quero. Seriedade. Nada mais que isso.
Lula afirmou também não ter dúvida de que Renan voltará ao comando do Senado.
- Volta, obviamente que ele vai voltar. O Renan apenas pediu licença.
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