O vírus da febre aftosa ainda está presente na área circunscrita aos municípios de Mato Grosso do Sul, onde a doença surgiu em outubro de 2005, indicaram testes realizados pelo Ministério da Agricultura, divulgados nesta quinta-feira.
Segundo os exames -realizados entre outubro de 2006 e janeiro de 2007 em 444 propriedades dos municípios de Japorã, Mundo Novo e Eldorado, no sul do Estado- foram encontrados 2,7 por cento de bovinos reagentes ao vírus, de um total de 11.449 amostras.
Uma nota técnica do ministério informa que o percentual detectado de reagentes está acima do verificado em avaliações feitas em zonas livres de aftosa, onde se observam valores abaixo de 1 por cento.
``A conclusão é que não se pode descartar a circulação viral nessa área'', disse uma fonte da Secretaria de Defesa Agropecuária, que pediu para não ser identificada.
O fato de existirem animais reagentes não necessariamente indica que eles estão doentes, mas é um indício de que a doença ainda pode se manifestar. O maior número de animais reagentes foi encontrado em Japorã.
A autoridade disse que é difícil explicar o motivo de o vírus continuar presente na região, onde mais de 35 mil animais foram sacrificados, na tentativa de encerrar o problema enfrentado em 2005. Diversas barreiras sanitárias também foram implantadas na área para reprimir a circulação viral.
``Pode ter havido falhas de diversas naturezas, circulação de animais com movimentação proibida dentro da própria zona.''
No ano passado, em função de uma vacinação contra a doença não-autorizada, os municípios da região não puderam receber o status de livres de aftosa.
Segundo a autoridade, com os resultados dos testes, o ministério vai manter a ``restrição do movimento de animais e de produtos que já estava sendo aplicada'' na área.
A OIE (Organização Internacional de Saúde Animal), que já foi informada sobre os resultados, recomenda nesse caso o estabelecimento de zona de proteção, ou ``zona tampão'', que tem o objetivo de isolar uma área livre da doença de outra não-livre.
``A zona tampão está sendo estabelecida nesse momento, é um trabalho que depende de discussão com o Estado para sua perfeita delimitação, mas o esboço dela já está desenvolvido.''
Ele disse que o ministério vai intensificar a vigilância na região e descartou um novo sacrifício sanitário. ``Não se trata disso mais.''
Segundo a fonte, como forma de tentar acabar com o vírus, o próprio governo deverá assumir a vacinação, tradicionalmente a cargo dos pecuaristas.
Para a autoridade, os testes não mostram apenas que o vírus ainda se encontra na área de Japorã, Eldorado e Mundo Novo, mas que a doença continua circunscrita a uma região, uma vez que testes realizados no entorno dessa área não indicaram circulação viral.
A autoridade disse que a área afetada ``tem capacidade frigorífica'' para abater os animais localmente, o que permite que a carne seja processada e o vírus eliminado.
A febre aftosa não causa problemas aos seres humanos, mas pode reduzir drasticamente a produtividade de um rebanho.
Por causa da doença, dezenas de países embargaram as compras de carne do Brasil, o maior exportador mundial.
Os embargos, a maioria parciais, não chegaram a impedir o crescimento das exportações no ano passado, uma vez que as empresas continuaram exportando por Estados liberados.
O ministério informou que nenhum país havia ampliado restrições em função do resultado dos testes.
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