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Guilherme (ao centro), com 8 anos, o pai, Ivaldo, a mãe, Maria Antonieta, e o irmão, Adriano; e hoje, prefeito eleito de Tomazina | Arquivo pessoal e Marco Martins/Gazeta do Povo
Guilherme (ao centro), com 8 anos, o pai, Ivaldo, a mãe, Maria Antonieta, e o irmão, Adriano; e hoje, prefeito eleito de Tomazina| Foto: Arquivo pessoal e Marco Martins/Gazeta do Povo

Quando o pecuarista Guilherme Cury Saliba Costa assumir a prefeitura de Tomazina, no Norte Pioneiro, em 1º de janeiro de 2009, faltarão apenas 28 dias para que uma das maiores tragédias do Paraná complete 13 anos: o desabamento do Edifício Atlântida, em Guaratuba, no litoral paranaense.

A coincidente proximidade entre as datas tem um especial significado para o prefeito eleito. Na época, aos 15 anos, ele foi um do poucos sobreviventes daquele acidente. Mesma sorte não tiveram os outros membros de sua família. Seus pais, dois irmãos, a avó materna, uma tia e um primo morreram, junto com outras 22 pessoas, quando o edifício de cinco andares foi abaixo. Seu pai, o médico Ivaldo Alves Saliba, era na época o prefeito de Tomazina – cidade que o filho, agora, vai administrar.

Guilherme foi a primeira vítima a ser retirada dos escombros. Ao se desvencilhar do monte de ferro e concreto, o adolescente ainda teve forças para erguer o punho e socar o ar – "para agradecer o fato de estar vivo", conta.

O jovem passou dez dias no hospital e ficou 50 sem poder andar. De acordo com os médicos, Guilherme teve a medula comprimida e as chances de ele voltar a caminhar eram poucas. Mas não só voltou a andar como ficou sem nenhuma seqüela da tragédia que levou sua família embora e que abalou a pequena Tomazina, cidade com cerca de 10 mil habitantes. "Lembro do prédio desabando e depois eu desmaiando. Quando acordei tinha uma coluna de concreto sobre meu corpo. Só mexia os olhos e a boca. Mesmo assim, queria que me tirassem logo dos escombros para que eu pudesse ajudar outras pessoas", detalha.

Casado e com dois filhos, Guilherme Saliba pretende seguir os passos do pai, que, segundo ele, inaugurou uma nova fase na política da cidade, priorizando investimentos em saúde básica e infra-estrutura. "Seria meio esquisito dizer que eu vou concluir os sonhos do meu pai. Muita coisa do que ele pretendia para a cidade já foi feita ao longo dos anos. Mas pretendo fazer as coisas certas, afinal a população me escolheu para o cargo."

Esta não foi a primeira vez que Saliba se candidatou a prefeito. Em 2004, o pecuarista disputou a prefeitura oito meses depois de voltar definitivamente à cidade onde cresceu.

Eleito pelo PPS com 55,6% dos votos válidos, o prefeito eleito reconhece que na cidade é visto meio como herói, por ter sobrevivido e lutado contra a morte, mesmo tendo perdido toda a família. Ele sabe que o fato de ser filho do ex-prefeito que morreu tragicamente ajudou na eleição, mas faz questão de deixar claro que começou a ganhar confiança das pessoas depois de mostrar no cotidiano que podia administrar a cidade. "Acho que as pessoas resolveram dar chance para um Saliba voltar a administrar a cidade."

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