A partir desta segunda-feira, as vítimas do deslizamento das obras da linha 4 do metrô, em Pinheiros, zona oeste da capital, começam a discutir o tipo de ação que irão mover contra o estado e o Consórcio Via Amarela. Eles querem ser indenizados pelos prejuízos. Uma das primeiras medidas será formar uma comissão de moradores.
Nilton Tapixure, de 46 anos, é o principal porta-voz do grupo de famílias abrigadas no Hotel Golden Tower, um dos três hotéis de luxo a hospedar as famílias desalojadas. Segundo ele, algumas pessoas se reuniram neste sábado para discutir as providências jurídicas a serem tomadas, mas 'o clima de tensão emocional entre as vítimas ainda era muito grande'.
A Defesa Civil interditou 55 residências das quais 12 são apartamentos de um prédio na Rua Conselheiro Pereira Pinto, número 277 e contabilizou, até o final da tarde deste sábado, 42 famílias desabrigadas, vítimas do deslizamento das obras da linha 4 do metrô. Cerca de 132 pessoas seguiram para hotéis ou para a casa de parentes.
- O serviço (do hotel) é bom, mas nada como a casa da gente - diz Tapixure, um dos moradores do prédio esvaziado por medida de segurança.
Ele e a mulher, Daniela, conseguiram entrar na residência para recolher roupas e objetos pessoais e de uso próprio e dos três filhos. Um deles, Bruno, de 12 anos, está traumatizado e precisou ser avaliado por um médico na manhã deste sábado. Bruno estava brincando quando os tremores começaram e teve uma crise nervosa ao ser dada a ordem de deixar a casa com risco de desabar.
Tapixure é o dono do estacionamento de veículos da Rua Capri, número 40, que teve de ser demolido. Em investimentos, ele calcula a perda de R$ 68,5 mil. Em lucro, deixará de receber R$ 10 mil mensais.
- Esse era o meu ganha-pão. Não sei como sustentar a minha família a partir de agora - desabafa.
A estudante Andreza Souza, de 23 anos, divide um quarto de hotel com duas das três amigas com quem morava em um sobrado alugado na Rua Capri, 201.
- Tem três camas num lugar do tamanho do meu quarto. É horrível - reclamou.
Ela, porém, não retornará à antiga casa:
- Estou com muito medo.
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