Os quatro mergulhadores que sobreviveram ao naufrágio da traineira Costa Azul, que colidiu com o navio cargueiro Roko por volta das 23h de terça-feira na Baía de Guanabara, contaram nesta quinta-feira um pouco do que viveram naquela noite. O acidente deixou oito mortos e os últimos corpos foram resgatados na manhã desta quinta. As buscas se encerraram às 10h. Eduardo da Silva Pinto, 28 anos, Thiago Batista Barros, de 22, Eliezer Chaves de Oliveira, de 32, e André Luiz Loenzethdo, de 28, disseram que tudo aconteceu muito rápido. E que só escaparam porque estavam na parte de trás do barco.
- Foi tudo muito rápido, questão de três minutos, cinco minutos até a embarcação afundar. Depois da colisão, em seguida, ela adernou, e a gente viu que não tinha mais jeito mesmo, que ia para o fundo, então a gente abandonou o barco - disse Thiago ao RJTV, da Rede Globo.
Os quatro, que prestaram depoimento na quarta no inquérito aberto pela Capitania dos Portos para apurar as causas da tragédia, deixaram na manhã desta quinta o hotel onde estavam hospedados na Ilha do Governador. Segundo informou a Rádio CBN, eles contaram que quatro mergulhadores dormiam na traineira no momento do choque.
Thiago disse que foi o último a escapar da traineira e chegou a afundar com a embarcação. Segundo o mergulhador, ele chegou a ficar dois minutos submerso, mas depois conseguiu chegar à superfície. Os sobreviventes afirmaram ainda que tentaram resgatar os companheiros, mas não conseguiram.
Provável falha humana
A Marinha investiga a possibilidade de o acidente ter sido causado por falha humana. Regras internacionais de navegação estabelecem que embarcações com comprimento inferior a 20 metros não devem atrapalhar a passagem dos navios que seguem por canais ou vias de acesso. O Roko, de bandeira das Bahamas, tem 180 metros e navegava no canal de entrada e saída da baía quando colidiu contra o Costa Azul, de 15 metros. A embarcação menor tinha 12 pessoas a bordo: nove mergulhadores, dois marinheiros e o comandante. O navio frigorífico transportava carne congelada para a Rússia e nele viajavam 14 tripulantes (13 russos e um ganense).
A Marinha abriu um inquérito, que deve ser concluído em até 90 dias. Já foram ouvidos os quatros sobreviventes, o comandante e o imediato do navio. Na manhã desta quinta depôs o contra-mestre do cargueiro, que estava no convés no momento do acidente, preparando-se para ancorar o navio. A Capitania ainda vai ouvir o prático do navio, que é quem auxilia o comandante e orienta a navegação. O cargueiro está pribido de deixar a Baía de Guanabara e os tripulantes também não podem ir embora do Brasil.
Atingido no meio
O Costa Azul foi atingido no meio pela proa do Roko e afundou a 37 metros de profundidade. O ponto do naufrágio fica a 1,5 quilômetro da Praça XV. O capitão dos Portos, o capitão-de-mar-e-guerra Antônio Fernando Monteiro Dias, descartou a possibilidade de falha em equipamentos:
- Oitenta por cento dos acidentes marítimos acontecem por falha humana. Já temos muitas informações sobre o acidente, como a rota feita pelo barco e pelo navio. Temos boa noção do que aconteceu, mas só divulgaremos após a conclusão das investigações. Mas podemos adiantar que a legislação internacional tem uma regra básica: quem avista uma embarcação pela direita (no caso, a traineira) tem a obrigação de manobrar.
Segundo o capitão, há indícios de que as duas embarcações, que estavam em sentidos opostos, estivessem navegando paralelas na hora do acidente.
- O cargueiro estava adentrando o Porto do Ruio e o Costa Azul saía do Rio de Janeiro - informou Monteiro Dias.
Segundo a Capitania dos Portos, pelo menos cem embarcações circulam pela Baía de Guanabara diariamente.
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