Foram os votos do PSDB no segundo turno que garantiram ao petista Arlindo Chinaglia (SP) a eleição para a presidência da Câmaranesta quinta-feira, avaliaram parlamentares. Esse apoio abriu uma crise na oposição e colocou PSDB e PFL em lados opostos.
``O PSDB é que sai mal, não a oposição. Se eles não têm lado, nós temos'', criticou o líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ), um dos principais cabos eleitorais de Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
``O resultado mostrou que o governo não teve o apoio que pensa que tem. Só venceu graças ao apoio equivocado do PSDB'', atacou o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA).
Os tucanos, que chegaram a apoiar Chinaglia antes do lançamento da candidatura de Gustavo Fruet (PSDB-PR), migraram seus votos para o petista no segundo turno, honrando o acordo que garantiu a primeira vice-presidência para Narcio Rodrigues (PSDB-MG).
``Foi uma opção que os tucanos fizeram. Respeito, mas será difícil de ser compreendida por sua base eleitoral'', afirmou o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), que apoiou Aldo Rebelo e agora assume a liderança do governo no lugar de Arlindo Chinaglia.
A base do tucanato sempre esteve mais próxima de Chinaglia, o que foi confirmado por uma consulta à bancada feita pelo líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), em janeiro, que levou o partido a declarar apoio ao petista.
Um grupo de tucanos, porém, rebelou-se contra o apoio. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considerou a decisão precipitada e teve o respaldo de nomes importantes do partido, como o ex-ministro Paulo Renato e José Aníbal.
O lançamento do tucano Gustavo Fruet, pela terceira via, levou o PSDB a deixar a candidatura de Chinaglia, mas o partido não abandonou os entendimentos, acertando com o PT a primeira vice-presidência em caso de segundo turno. Liberada para votar no segundo turno, optou por Chinaglia. ''A eleição mostrou fissuras no governo e na oposição'', disse Gustavo Fruet, que apoiou Aldo no segundo turno. ``Tem que esperar abaixar a poeira para fazer avaliações, de modo a não alimentar crise'', completou.
PMDB de Michel
O resultado também representa uma vitória para o grupo do presidente do PMDB, Michel Temer (SP). Em dezembro, ele bancou o acordo com o PT para dar maioria a Chinaglia em troca do apoio a um nome do PMDB para presidir a Câmara a partir de 2009.
Michel e os deputados Geddel Vieira Lima (BA) e Eliseu Padilha (RS), entre outros ex-aliados dos governos tucanos, apoiaram Chinaglia contra a vontade do grupo ligado ao senador Renan Calheiros e ao deputado Jader Barbalho. Pelos cálculos dos deputados, mais de dois terços da bancada do PMDB seguiu a orientação de Michel na votação.
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