A recondução do deputado federal Leonardo Picciani (RJ) à liderança da bancada do PMDB na Câmara Federal, na quarta-feira (17), foi uma vitória do Planalto dentro da Casa. Sai enfraquecido o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), principal “cabo eleitoral” do candidato derrotado, Hugo Motta (PB), que perdeu de Picciani por uma diferença de sete votos. O resultado foi 37 a 30.
Após o resultado da eleição, os dois grupos baixaram o tom e fizeram discursos menos bélicos à imprensa. Picciani sabe, contudo, que o resultado da eleição não significa que a divisão da bancada seja assunto superado.
E os próximos passos do líder serão cruciais. “Precisamos de muito diálogo”, disse Picciani, ao ser questionado sobre como promoveria a união do partido na Casa. Picciani evitou ainda o confronto com o grupo adversário: “Não acho que seja vitória ou derrota de ninguém”.
Cunha também tentou dar naturalidade à derrota. “Quiseram colocar um clima de A contra B, mas não tem isso. Fiquei do lado de quem teve menos votos. Só isso”, disse. Mas Cunha alertou: “O futuro da bancada agora vai depender mais de como o líder vai se comportar. A bancada não age. Ela apenas reage”.
Impeachment
Em relação ao impacto do resultado da escolha no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Cunha e Picciani também adotaram discursos apaziguadores. Picciani repetiu que não se tratava de uma disputa entre grupos que desejam ou não o impeachment. Exatamente o mesmo argumento de Cunha. “A eleição do PMDB não tem nada a ver com o impeachment”, retrucou o presidente da Casa.
Mas a disputa pela liderança da bancada do PMDB se acirrou claramente logo após a deflagração do processo de impeachment por Cunha, em dezembro. De lá para cá, Picciani se viu obrigado, por exemplo, a garantir que também indicaria vozes anti-Dilma para as cadeiras da comissão especial do impeachment, e não somente peemedebistas “neutros” ou aliados do Planalto. Maior bancada da Casa, com 71 parlamentares, o PMDB é a sigla com mais cadeiras na comissão.
Tensão
O processo de votação ao longo de quase três horas foi marcado por um clima de tensão. Picciani contou com a ajuda de três peemedebistas que estavam licenciados dos seus mandatos, mas voltaram para a Câmara apenas para garantir votos a ele. Um deles foi o ministro da Saúde Marcelo Castro, que se licenciou do cargo na Esplanada. “Foi uma decisão minha, o Planalto não me pediu nada”, afirmou. Apesar disso, ele foi alvo de protesto em frente da sala onde houve a eleição. Um grupo de pessoas fantasiadas de “mosquito da dengue” protestou contra a presença de Castro, que deixou o ministério em meio à epidemia por que o país passa.
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