Adriana Almeida, viúva do milionário da Mega-Sena Renné Senna, assassinado em 7 janeiro, voltou a negar qualquer envolvimento no crime em depoimento que durou mais de nove horas e terminou na noite desta quinta-feira (22).
De acordo com o inspetor Marcos Fontes, chefe do setor de investigações da Delegacia de Homicídios, que tomou o depoimento, a viúva apontou novamente como responsável o ex-PM Anderson Sousa, que trabalhou como segurança do casal, e chegou a acusar um dos irmãos de Renné, Miguel, e o namorado da filha do milionário, Renata Senna.
Fontes disse que Adriana recuou em pelo menos três contradições encontradas em seu primeiro depoimento, prestado em 12 de janeiro na 119ª DP (Rio Bonito), que investigou inicialmente o crime.
No novo depoimento, a viúva disse que tinha como amante o motorista de van Robson de Andrade Oliveira, mas negou a existência de outros casos extra-conjugais. Ela também confirmou que tinha mais de um telefone celular, como havia dito em seu primeiro depoimento, mas disse não se lembrar dos números dos aparelhos.
Segundo o policial, a viúva também afirmou que saiu da casa da fazenda onde morava com Renné duas vezes na manhã do crime, que ocorreu por volta das 11h.
A primeira, por volta das 9h, teria sido, segundo ela, para conhecer a namorada de um de seus filhos, de 12 anos. Os pais da menina, de acordo com o depoimento de Adriana, eram funcionários da própria fazenda e moravam na propriedade. Entretanto, ela disse não se lembrar de seus nomes.
A segunda saída, por volta de 9h30, foi para ir a um mercado de Rio Bonito, onde teria feito compras e pedido nota fiscal.
Viúva suspeita de ex-segurança
Adriana disse à polícia que desconfia que o assassino do ex-marido seja o ex-PM Anderson Sousa, que teria agido por vingança. Ela revelou detalhes da suposta trama de Renné Senna e de David Vilhena, ex-segurança e homem de confiança do milionário, para matar o ex-PM, depois que ele foi demitido por supostamente estar planejando o seqüestro de sua filha. A morte seria encomendada por R$ 70 mil, mas Adriana disse ter considerado a iniciativa absurda e abortado a idéia.
Ainda de acordo com relato do depoimento feito pelo delegado, a viúva e Renné ficaram com tanto medo de Sousa que decidiram, na época, deixar a fazenda onde moravam em Rio Bonito, Baixada Litorânea do Rio, para um apartamento no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste da capital. Ela também reafirmou à polícia que mantinha relações sexuais normais com o milionário.
Apesar de ter dito que tem medo do ex-PM, a viúva afirmou que manteve contato com a esposa dele, Janaína Silva Oliveira, até a véspera do crime, tendo se encontrado com ela no condomínio onde morava com o marido no dia 4 de janeiro.
A polícia, no entanto, desconfia que Adriana pode ter avisado Sousa da trama de Renné e David, que foi assassinado em setembro. "É uma possibilidade", resumiu o delegado Roberto Cardoso, responsável pelas investigações.
Defesa: não há indício contra Adriana
De acordo com o advogado de Adriana, Alexandre Dumans, no entanto, a polícia ainda não tem nenhum indício concreto que justifique a prisão de sua cliente.
"Tudo é ouvi dizer do, ouvi dizer do, ouvi dizer. São provas desqualificadas no maior grau. Não estou discutindo se ela é inocente ou culpada, isso quem vai dizer é a Justiça, mas ela disse o que todo mundo sabe: há outros suspeitos para o crime".
Dumans cita como evidência da inocência da viúva o fato de ela, desde o primeiro depoimento, apontar Sousa como suspeito. "Se ela tivesse tramado a morte de Renné com Sousa, ao apontá-lo como suspeito ela estaria também apontando na direção dela própria. A situação (da polícia) está bem complicada", argumentou.