Moradores e funcionários do prédio onde vivia o coronel Ubiratan Guimarães, conhecido por comandar o massacre que resultou na morte de 111 presos no Carandiru, disseram à polícia ter ouvido um disparo por volta das 19h.
O coronel foi encontrado morto na noite de domingo e a polícia investiga a namorada dele, Carla Cepollina. Nesta segunda-feira, em depoimento informal, ela admitiu uma discussão com Guimarães no sábado e que o motivo da briga foi um telefonema que o coronel teria recebido de outra mulher.
Carla Cepollina depõe informalmente no DHPP. O telefonema recebido por Ubiratan Guimarães teria ocorrido por volta das 18h. Em seguida, o casal começou a discutir. A advogada, que teria sido a última pessoa a ser vista com o coronel na noite do crime, deve depor nesta terça no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
- O barulho parecia uma coisa pesada caindo no chão ou quebrando a janela. Só descobri depois que era um tiro - disse uma moradora.
Uma testemunha afirmou à polícia que a advogada deixou o prédio entre 20h e 20h30m do sábado. O porteiro Woglan Rodrigues de Oliveira, no entanto, disse que a advogada saiu de lá entre 22h30 e 23h. Oliveira, que trabalha de madrugada, havia chegado no local por volta das 21h45m.
Pelo menos oito pessoas foram ouvidas nesta segunda no DHPP. O deputado Arnaldo Faria de Sá, colega de partido do coronel, acompanhou o trabalho da polícia e descartou envolvimento do crime organizado no assassinato.
- O coronel foi pego de surpresa por alguém que tinha relação com ele, senão teria lutado. Eu conheço o coronel, ele não iria afinar. Estou besta. Não estou acreditando. Se não tivesse visto o corpo dele, não diria que era verdade - disse Faria de Sá.
Polícia
Segundo a perícia, o coronel foi baleado quando tentava se levantar do sofá da sala de seu apartamento. O disparo foi dado a pouco mais de dois metros de distância. Não havia sinais de luta. O corpo foi encontrado no meio da sala. Ele estava nu, com uma toalha branca enrolada na cintura. De acordo com a polícia, o tiro atravessou o corpo do coronel e perfurou uma almofada no sofá.
Segundo policiais que trabalham no caso, um projétil foi apreendido e seria de um revólver calibre 38.
A mãe de Carla, a advogada Liliana Prinzivalli, disse que sugeriu à polícia que fosse feito exame residuográfico na filha, mas, segundo ela, isso não ocorreu. Liliana se prontificou a entregar as roupas e o celular de Carla para que as ligações fossem rastreadas. Tudo deve ser entregue nesta terça.
Namoro conturbado
Amigos do deputado e coronel reformado Ubiratan Guimarães afirmam que o namoro entre ele e a advogada Carla Cepollina sempre foi conturbado e cheio de "idas e vindas". O casal se relacionava havia pouco mais de dois anos, porém, "vivia muito mais tempo brigado que junto".
Pessoas próximas do coronel dizem que Carla era extremamente ciumenta e costumava perder o controle emocional quando discutiam.
Na última briga do casal, segundo amigos, o coronel havia dito que o relacionamento entre eles não tinha mais volta e isso teria deixado Carla nervosa. Alguns dias depois, ele teria inclusive comentado com pessoas de seu convívio que estava de namorada nova.
Porém, a mãe de Carla, a advogada Liliana Prinzivalli, afirma que o casal se gostava muito e tinha interesses em comum. A mãe relatou que a filha estava engajada na campanha de Ubiratan e, devido a isso, havia deixado seu trabalho de advogada. Para agradar o companheiro, disse a mãe, Carla estava separando fotos do coronel na infância e dos tempos em que atuava na Cavalaria da PM para fazer uma espécie de mural.
Ainda segundo Liliana, o coronel tinha gênio difícil.
- Você deve levar em conta que era militar, coronel, de 63 anos, tinha gênio difícil. Sabe como é o machismo de militar - afirmou, acrescentando que Carla não era possessiva nem ciumenta.
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