A Mesa Diretora do Senado arquivou na tarde desta terça-feira, por três votos a dois, a representação do PSOL contra o senador Gim Argello (PTB-DF), suplente de Joaquim Roriz (PMDB-DF), que renunciou ao mandato no início de julho. O voto que decidiu por não enviar o caso para o Conselho de Ética foi do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que desempatou a questão. Com a recusa para abertura do processo, o PSOL afirmou que vai levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi divulgada no blog do Noblat.

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Como presidente da Casa, Renan só votou porque houve empate em dois a dois. Além de Renan, votaram pelo arquivamento os senadores oposicionistas Papaléo Paes (PSDB-AP) e Efraim Moraes (DEM-PB). Pelo encaminhamento ao conselho votaram Álvaro Dias (PSDB-PR) e Tião Vianna (PT-AC). Já os senadores César Borges (DEM-BA) e Magno Malta (PR-ES) se abstiveram.

- A Mesa optou pelo arquivamento em função da interpretação de que os fatos aconteceram anteriores ao mandato. Eu respeito a decisão da Mesa, mas votei pelo encaminhamento, já que alguns fatos são posteriores à diplomação - explicou Álvaro Dias.

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Aparentemente, a decisão da Mesa não era esperada sequer pela defesa de Argello. Antes mesmo do fim da reunião, o advogado do suplente de senador, Maurício Corrêa, anunciou que já estava com recurso pronto para ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a abertura do processo no Conselho de Ética.

Gim Argello havia providenciado 40 certidões negativas de todos os órgãos policiais, tribunais de contas, eleitorais, cartórios e outros para tentar derrubar a representação do PSOL, entregue à Mesa do Senado há 34 dias, por quebra de decoro parlamentar. A votação da Mesa ocorreu no mesmo dia em que a Polícia Federal deverá entregar ao Conselho de Ética o laudo da perícia sobre os documentos entregues por Renan para comprovar que sua renda é suficiente para pagar pensão à jornalista Mônica Velloso, com quem tem uma filha.

Antes da votação, Argello não quis comentar a coincidência do agendamento da reunião da Mesa para o mesmo dia da entrega da perícia que pode definir a situação de Renan.

- Acredito no grande arquiteto do universo que é Deus, mas também nos seres humanos. Nem quero pensar sobre isso. Já conversei com uns 10 senadores e quando mostro as certidões negativas eles ficam surpresos e felizes de saber que não devo nada nem tenho nada com essa Operação Aquarela. Estão sabendo que não sou nenhum bandido - disse Argello, que assumiu a vaga no dia 17 de julho.

Simon diz que Argello teria muito o que explicar

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O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou, por sua vez, que não foi procurado por Gim Argello, mas disse que ele teria de explicar muita coisa ao Conselho de Ética.

- O Roriz, que renunciou, a gente sabe que fez mil coisas boas como governador. Esse aí, o Argello, a gente não conhece nada de bom que ele fez. Cá entre nós, eu só vejo falar mal dele - disse Simon.

Roriz e Argello são acusados pela Polícia Civil de envolvimento no esquema de desvio de recursos do Banco de Brasília (BRB). A pedido dos diretórios regionais do PT, PCdoB, PPS, PSB e PDT, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), apura se Argello quebrou o decoro por ter supostamente se associado a crimes de sonegação fiscal, enriquecimento ilícito e desvio de dinheiro público. O encontro que Tuma teria nesta terça-feira com os encarregados do inquérito da Operação Aquarela, que revelou o esquema no BRB, para pedir dados sobre a suposta participação de Argello, foi adiada para quarta-feira.

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