Nem o trauma do impeachment de Fernando Collor, em 1992, fez os brasileiros mudarem de opinião sobre o presidencialismo na votação do plebiscito de abril de 1993. A campanha a favor da manutenção do sistema centrou fogo no poder de decisão do eleitor e usou como slogan “Diretas Sempre”. Era uma alusão ao movimento “Diretas Já”, que mobilizou a sociedade no nos anos 1980 e acabou sepultado pelo Congresso em 1984.
“Agora querem tirar de você esse direito [eleição direta para presidente]. Não abra mão do seu voto”, dizia um dos comerciais da Frente Presidencialista, que reunia partidos pesos-pesados da época –PFL, PMDB, PT e PDT. “Os petistas, que eram parlamentaristas, embarcaram de última hora no presidencialismo porque o Lula era o nome mais forte para as eleições de 1994. Curiosamente, perderam [a eleição de 94] para o PSDB do Fernando Henrique, que foi o partido que mais abraçou o parlamentarismo”, lembra o cientista político Antonio Flávio Testa.
Eduardo Cunha prepara a próxima virada: parlamentarismo
Presidente da Câmara começa a articular a mudança do sistema de governo do país
Leia a matéria completaDo outro lado, o líder da Frente Parlamentarista era o ex-governador do Paraná José Richa (PSDB). “Para ganhar uma campanha para presidente, o candidato tem que negociar muitos conchavos [...] No final, um candidato eleito e um governo todo loteado. No presidencialismo é assim: tudo tem seu preço, só o seu voto que é de graça”, narrava um dos comerciais favorável ao parlamentarismo.
“Os tempos são outros e não dá para menosprezar o poder do Eduardo Cunha depois de tudo o que vimos nos últimos meses”, diz o deputado paranaense João Arruda. Colega de Cunha no PMDB, ele diz que a maioria do partido aderiu à ideia. Em 1993, embora o presidente Itamar Franco tenha se afastado da campanha, o partido foi decisivo para a vitória do presidencialismo.
Um dos 16 deputados paranaenses que são membros da Frente Parlamentar em Defesa do Parlamentarismo, Osmar Serraglio (PMDB) diz que a dificuldade de explicar “quem manda” permanece. “O voto do brasileiro era e continua sendo personalista”, diz. “Até certo ponto, essa desconfiança sobre o poder de decisão faz sentido. Ou alguém tem dúvida de que o próprio Eduardo Cunha não seria o principal nome para ocupar o cargo de primeiro-ministro?” (AG)
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