O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, esteve nesta terça-feira com o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para prestar esclarecimentos sobre o relatório da Polícia Federal que aponta o seu envolvimento com caixa dois na campanha do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998. Mais cedo, o ministro deu explicações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio da Alvorada. Ele negou ter participado do esquema. Lula, segundo Walfrido, manifestou-lhe solidariedade.
- (Lula) demonstrou, como sempre, solidariedade, amizade e confiança. Quanto ao procurador, solicitei uma oportunidade de esclarecer a ele e discutir a entrega de uma manifestação por escrito, formalizando com documentos, com explanações cristalinas, todas as circunstâncias que foram abordadas no relatório da Polícia Federal - disse Walfrido.
Walfrido afirmou que a sua situação não causa constrangimento no governo:
- Não constrange. Você se defende, é uma obrigação. Da mesma forma que estou aqui dando explicação, vou dar estas explicações às autoridades judiciais de uma maneira formal, em respeito ao meu direito de esclarecer as questões que estão levantadas. Porque tenho um cargo público, eu preciso dar explicações não só ao presidente, mas a todos que compõem o governo e à população brasileira - disse.
Walfrido negou ter participado da coordenação da campanha do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998, mas reconheceu que exerceu essa função na eleição de 1994. Segundo ele, tanto Azeredo como o coordenador financeiro da campanha, Cláudio Mourão, já disseram isso - "de maneira cabal" - em depoimento à Polícia Federal.
- Nunca fui coordenador da campanha de 98. Eu não tinha responsabilidade na organização, nem no financeiro da campanha do Azeredo, em 98. Eu era seu vice-governador, amigo pessoal, uma pessoa de bem em que eu confio, que tenho intimidade e que fui coordenador da campanha de 94, quando era vice-governador, quando nos elegemos - disse.
O ministro também negou ter intermediado a contratação do publicitário Duda Mendonça para fazer a campanha de Azeredo. Disse que, durante uma reunião com dez pessoas, recebeu e repassou o fax com a proposta do publicitário antes do início da campanha.
Walfrido disse ainda que a empresa Samos - criada para administrar o patrimônio da sua família - tinha capital para a movimentação financeira que apresentou. No último sábado, o ministro contratou a Price Waterhouse para auditar a empresa. O resultado, segundo ele, será entregue ao procurador.
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