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Rui Ramiro, 37 anos, nasceu na maloca da Serra da Moça, em Boa Vista, capital de Roraima. Filho de pai paraense e mãe wapixana, ele guarda em casa o Registro Administrativo de Nascimento de Índio, expedido pela Funai em 16 de dezembro de 1988. Mas nem o reconhecimento oficial como silvícola impediu que Ramiro entrasse na lista de despejo do Ministério Público Federal contra os moradores de Pacaraima. Teve de contratar um advogado para recorrer da ação que tenta expulsá-lo da terra onde ele e seus ascendentes nasceram.

Ramiro saiu de Serra da Moça aos 15 anos para trabalhar como mecânico de automóveis em Pacaraima, quando esta ainda era um vilarejo. Casou com uma maranhense, teve três filhos e mora a menos de 100 metros de sua oficina. Depois de mais de 20 anos no mesmo lugar, veio a surpresa. Foram os vizinhos, também ameaçados de despejo, que o ajudaram a decifrar a ação do Ministério Público. Mas Ramiro ainda não consegue entender porque querem tirá-lo das terras para devolvê-las aos índios, sendo ele também um índio. (MK)

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