Em discurso confuso, o deputado Elton Welter (PT) reforçou que existe um "acordo entre os três poderes", na última frase de seu pronunciamento em plenário nesta quarta-feira (23). Logo em seguida, o presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), rebateu o petista e disse que o Legislativo não entrava no tal acordo. Os dois se referem ao suposto tráfico de influência para eleger o ex-deputado Fabio Camargo para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR).
Apesar de não citar explicitamente a suposta pressão, Welter afirmou, um dia antes, que foi ameaçado para votar em Camargo. Até agora, o petista é o único deputado a fazer essa afirmação. Ele disse, na terça (22), que foi usado "um poder de influência muito forte na Casa" para a eleição de Camargo. "Houve uma articulação dos três poderes para a eleição do TC, que forçou a aprovação dessa lei", pontuou na ocasião.
Mais tarde, o presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), divulgou nota e pediu que Elton Welter (PT) apresente provas de que houve pressão para a votação de Fabio Camargo na eleição para conselheiro do Tribunal de Contas. Ele pede as provas para que seja instaurado um procedimento disciplinar. Para o tucano, a afirmação de Welter coloca os 54 deputados sob suspeita. "Vou agir dentro das prerrogativas que me cabem, cumprindo a lei, mas com a cautela necessária para não cometer equívocos. O que posso afirmar é que eu não sofri nenhuma pressão na votação", disse o tucano.
Rossoni reforçou, ainda, que não houve qualquer relação entre a aprovação da transferência dos depósitos judiciais ao governo estadual com a eleição de Camargo.
Depósitos judiciais
A lei citada pelo petista é o projeto que garantiria ao governo paranaense ter acesso aos depósitos judiciais não tributários de posse da Justiça estadual. No procedimento que tramita no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o suposto tráfico de influência, o Ministério Público Federal (MPF) cita a coincidência de o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) ter aprovado esse projeto de lei no mesmo dia em que o ex-deputado tomou posse no TC.
O pai de Fabio, desembargador Clayton Camargo, é investigado CNJ e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por tráfico de influência na eleição do TC. Na época, Clayton ainda era presidente do TJ. Ele foi afastado do cargo pelo CNJ em decisão que levou em consideração essa e outras suspeitas contra o desembargador.
A suspeita levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a pedir o afastamento de Fabio do TC. Um dos candidatos derrotados na eleição para o TC entrou no TJ pedindo a anulação do pleito e a realização de novas eleições.