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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Por incrível que pareça, quando um deputado ou vereador fica olhando para o celular durante a sessão plenária, ele pode estar trabalhando. Cada vez mais, os políticos se comunicam, mesmo durante as sessões, por mensagens de texto e WhatsApp. Segundo eles, isso facilita a comunicação e até as orientações para saber como cada bancada votará.

Ninguém vota nada, fala nada sem mandar uma mensagem para o Palácio e receber uma ordem.

Requião Filho (PMDB)vice-líder da oposição na Assembleia Legislativa.

Por isso, há duas semanas, quando o WhatsApp foi suspenso por ordem da Justiça, todo mundo estranhou ter de voltar ao sistema “antigo” de ligar uns para os outros. Como era semana de votação do orçamento de 2016, o líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), diz que teve de manter os contatos. “Falei por telefone numa manhã mais do que falo normalmente na semana inteira.”

Romanelli comanda o grupo de WhatsApp da bancada governista. Lá, os deputados combinam como votarão, traçam estratégias e, claro, discutem. Inclusive reclamam do governo. Evidentemente, confiam que isso não ficará exposto a olhos estranhos. “É um espaço de confiança”, diz Romanelli.

Neste ano, por exemplo, quando a base governista perdeu uma dezena de integrantes durante a votação do ajuste fiscal do governo Beto Richa (PSDB), choveram mensagens dizendo que Fulano “saiu do grupo”. Mas certamente entraram em outros imediatamente. Até porque a oposição também tem seu grupo, assim como cada bancada. O governo também tem um grupo para conversas entre os secretários e assim por diante.

No Congresso, a exemplo da Assembleia, as votações “teleguiadas” são evidentes. Há algumas semanas, três deputados que tentavam evitar a abertura do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresentaram requerimentos de adiamento de votação no Conselho de Ética. Repentinamente, porém, os três, em menos de um minuto, anunciaram que retiravam os requerimentos. Mais tarde, admitiram que a combinação aconteceu em tempo real.

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