O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, afirmou ontem que o dinheiro desviado da Petrobras na Operação Lava Jato influenciou o processo eleitoral tanto no Legislativo quanto no Executivo. A defesa do doleiro vai apresentar na semana que vem as alegações em relação às denúncias contra Youssef e os executivos presos na sétima fase da Operação Lava Jato, em novembro do ano passado.
De acordo com Basto, a defesa vai mostrar em suas alegações que Youssef não era o líder da organização criminosa desmantelada na operação. "O sistema funcionou para sustentar uma base de poder político em vigor", disse.
O advogado vai tentar provar que o doleiro não é o articulador do esquema e que, apesar de ter consciência dos crimes que praticava, foi usado por agentes políticos. "A participação dele é de menor importância. O esquema era destinado a servir o esquema de poder em vigor", afirmou. "Vamos demonstrar que o prejuízo maior é a própria democracia", sugere o advogado.
Segundo Basto, o fato de os corruptos serem indicados por partidos políticos é uma das provas de que Youssef não era o articulador do esquema.
Em depoimento à Justiça Federal de Curitiba em 2014, Youssef afirmou que a propina cobrada para fechamento de contratos com a Petrobras era distribuída a três partidos: PT, PMDB e PP. O doleiro e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmaram que uma propina de 3% sobre o valor total dos contratos era cobrada e dividida entre os partidos.
Costa e Youssef firmaram acordo de delação premiada com a Justiça e colaboraram com as investigações. Eles revelaram o esquema de corrupção que se instalou dentro da maior estatal do país e entregaram uma lista de políticos com foro privilegiado. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal, que tem competência para julgar ações criminais envolvendo parlamentares.
Processos
Youssef responde a 11 ações penais referentes à Lava Jato. Em uma delas, ele foi absolvido pelo juiz federal Sérgio Moro por falta de provas de envolvimento com o esquema de tráfico de drogas que estava sendo investigado. Entre as demais ações a que o réu responde estão a da Petrobras; da lavagem de dinheiro do mensalão; a que aponta irregularidades em contrato firmado entre o Labogen e o Ministério da Saúde; e ações contra os empreiteiros presos em novembro acusados de montar um cartel para obtenção de obras com a Petrobras.
Youssef está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde março do ano passado.
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