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Doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa chegaram e saíram no mesmo carro da sede da Justiça Federal | Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa chegaram e saíram no mesmo carro da sede da Justiça Federal| Foto: Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Próximos passos

Advogados justificam nomes de testemunhas de defesa

Depois das oitivas da acusação, a Justiça Federal deve dar espaço para as testemunhas de defesa do processo. Entre os indicados pela defesa do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, estão o ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), e o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho(Integração Nacional) do governo Dilma Rousseff (PT). O juiz federal Sérgio Moro, da 23.ª Vara Criminal Federal de Curitiba (PR), que comanda os processos da Lava Jato, porém, determinou que a defesa esclareça o motivo de ter arrolado tais testemunhas.

"Não é razoável o que o juiz solicita porque a defesa não costuma conversar com a testemunha antes de indicá-la. Ela simplesmente dirá o que souber diante daquilo que lhe foi perguntado", indagou Nelio Machado, advogado do ex-diretor. "Toda acusação vem de uma ficção: a ideia de que teria havia superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima [em Pernambuco]", completou.

Entre as testemunhas arroladas pela defesa do doleiro Alberto Youssef, estão outros diretores da Petrobras. "Não reconheci provas que indicassem o Youssef com capacidade para atuar dentro da Petrobras ao ponto de influenciar empreendimentos como [a refinaria] Abreu e Lima e, por isso, estou chamando essas pessoas para que esclareçam como isso foi feito", afirmou Figueiredo Basto, advogado do doleiro.

Ambas as defesas disseram ainda que devem entrar com novos pedidos de liberdade para os acusados. Machado também insiste em retirar o processo da competência da Justiça Federal do Paraná. "A lei diz que o crime deve ser apurado no lugar onde ele tenha sido cometido e todas as empresas envolvidas são de São Paulo e a Petrobras fica no Rio de Janeiro", disse.

Youssef não pagou avião usado por Vargas, diz dono do jatinho

O empresário Bernardo Tosto – sócio da Elite Aviation, empresa proprietária do jatinho que teria sido fretado pelo doleiro preso Alberto Youssef para viagem de férias do deputado federal André Vargas (sem parti­do-PR) – afirmou que não foi o doleiro quem pagou pelo uso da aeronave

Leia matéria completa

  • Advogados de defesa de Alberto Youssef e Paulo Costa estiveram na audiência dos processos da Operação Lava Jato, que ocorreram na Justiça Federal em Curitiba

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa participaram, na manhã desta sexta-feira (11), de uma audiência relativa ao processo decorrente da Operação Lava Jato. A audiência ocorreu na sede da Justiça Federal em Curitiba, no bairro Ahú, de onde ambos saíram por volta do meio-dia. Durante a tarde, ocorreu outra audiência referente a um segundo processo ligado à Operação.

Acompanhados de advogados, os acusados assistiram aos depoimentos de duas testemunhas de acusação do processo, apenas como parte interessada. Outros seis acusados foram dispensados de comparecer e foram representados por advogados. Representantes do Ministério Público Federal também acompanharam as oitivas. Esta ação trata da acusação de formação de organização criminosa dentro da Petrobras, que seria liderada por Youssef, para desviar e lavar dinheiro de contratos da estatal.

Gerente financeira da Sanko Sider Comércio Importação Exportação de Produtos Siderúrgicos, Fabiana Estaiano é uma das testemunhas de acusação, mas foi dispensada de prestar depoimento. Ela falaria via videoconferência, mas, como está grávida, solicitou dispensa ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal no Paraná, que conduziu a audiência.

Depoimentos

Pela manhã, prestaram depoimentos um delegado da Polícia Federal (PF) e um agente da PF, que acompanham as investigações da Lava Jato. Segundo os advogados de defesa de Youssef e Costa, as testemunhas não apresentaram provas substanciais contra os acusados. "Ficou demonstrado que não existe prova nenhuma de corrupção em relação à Petrobras. Ao menos nesse processo, há uma tranquilidade muito grande", declarou o advogado de Youssef, Figueiredo Basto.

"Essa prova apresentada hoje mostra que a acusação é extremamente frágil, muito precária e não tem condições de dar respaldo à pretensão punitiva do Ministério Público", disse o advogado de Paulo Roberto Costa, Nelio Machado.

À tarde, foram ouvidas outras duas testemunhas de acusação, mas sobre uma segunda ação da Operação Lava Jato, referente a crimes financeiros. Entre os réus desta ação estão as doleiras Nelma Kodama e Iara da Silva – que já estão presas e compareceram à audiência para acompanhar os depoimentos. Outros sete acusados desse processo foram representados por seus advogados na oitiva.

Veja os principais fatos da Operação Lava Jato:

• 17 de março – A Polícia Federal (PF) deflagra a Operação Lava Jato para investigar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. O doleiro paranaense Alberto Youssef, com fortes ligações no meio político, é preso sob a suspeita de operar o esquema. Outros suspeitos também são presos. Todos são levados para a sede da PF de Curitiba, que centraliza as investigações.

• 20 de março – A PF prende o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A PF o acusa de tentar destruir provas da Lava Jato. Documentos obtidos pela PF apontam que ele pode ter recebido depósitos milionários do doleiro na conta de uma de suas empresas, a Costa Global.

• 1º de abril – O jornal Folha de S.Paulo publica reportagem com base em investigações da Lava Jato que mostram que o deputado federal paranaense André Vargas (ex-PT) usou um avião fretado por Youssef para viajar de férias com a família. Posteriormente, Vargas passa a ser suspeito de fazer lobby em favor dos interesses do doleiro no governo federal. A revelação da ligação de Vargas com o doleiro leva o deputado, posteriormente, a renunciar ao cargo de vice-presidente da Câmara e a se desfiliar do PT. Atualmente, o parlamentar é investigado pelo Conselho de Ética da Casa.

• 11 de abril – A PF cumpre mandado de busca e apreensão na sede da Petrobras.

• 13 de abril – O programa Fantástico, da Rede Globo, mostra uma planilha da empresa do ex-diretor da Petrobras que indica um suposto pagamento de propina para que Costa intermediasse contratos com a Petrobras.

• 23 de abril – O PPS protocola pedido para que a Corregedoria da Câmara investigue o envolvimento do deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) com o doleiro Youssef. Argôlo é suspeito de receber pagamentos do doleiro. O deputado também passa a ser investigado pelo Conselho de Ética da Câmara.

• 24 abril – Torna-se pública a troca de mensagens entre Vargas e Youssef que sugere haver indícios de que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha teria envolvimento com o doleiro. Padilha nega a suspeita.

• 19 de maio - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki determinar a soltura de todos os presos na Operação. Apenas Paulo Roberto Costa consegue alvará de soltura, e deixa a carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba.

• 20 de maio - Teori Zavascki revisa a decisão de soltura e determina que permanecem presos os 11 réus que, ao contrário de Costa, não haviam sido lido libertados.

• 11 de junho - A Polícia Federal prende novamente Paulo Roberto Costa, sob a justificativa de que ele controla US$ 23 milhões (R$ 51,3 milhões) em contas secretas na Suíça e que poderia fugir.

• 18 de junho - O Ministério Público Fe­de­ral (MPF) informa que há suspeita de que as obras da Petrobras na Refinaria Pre­sidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba), tenham sido alvo do mesmo esquema investigado na Refinaria Abreu e Lima, em Per­nambuco.

• 28 de junho - A Polícia Federal abriu pelo menos 23 novos inquéritos no âmbito da Operação Lava Jato. Os novos inquéritos miram empresas que teriam pago propinas para Paulo Roberto Costa.

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