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Doleiro Alberto Youssef: investigadores avaliam que ele “sabe muito” | Jornal de Londrina/ Arquivo
Doleiro Alberto Youssef: investigadores avaliam que ele “sabe muito”| Foto: Jornal de Londrina/ Arquivo

Determinação

Ex-diretor da Petrobras voltará para Curitiba para interrogatório

Uma semana após voltar para sua casa no Rio de Janeiro onde cumpre prisão domiciliar, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa terá de retornar a Curitiba para o interrogatório dos acusados na ação penal que investiga desvio de dinheiro em contratos da refinaria de Abreu e Lima, que fica em Pernambuco. A determinação é do juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato na Justiça Federal, que informou ao superintendente da Polícia Federal em Curitiba sobre o transporte de Costa do Rio para a capital paranaense na próxima quarta-feira. O ex-diretor, que está utilizando tornozeleira eletrônica e não pode sair de sua residência em um condomínio na Barra da Tijuca, será escoltado por agentes da PF. Na decisão, o magistrado solicita que seja evitado "se possível" o uso de algemas. Em sua delação firmada com o Ministério Público Federal e homologada pela Justiça, Costa relatou a existência de um sólido esquema de desvio de dinheiro e corrupção envolvendo contratos da estatal.

O doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, está entregando ao Ministério Público Federal (MPF) farta documentação para comprovar todas as revelações de sua delação premiada. Youssef começou a depor quinta-feira, voltou a depor ontem, e vai depor hoje e domingo, ininterruptamente.

Não há prazo para terminar o relato do doleiro que teria criado sofisticado esquema de lavagem de dinheiro e corrupção que se estendeu para a Petrobras e outros setores públicos. Os investigadores avaliam que "Youssef sabe muito, vai apontar empreiteiras, empresários, políticos". Um investigador disse que "uma contribuição desse tamanho ninguém sabe onde ela vai parar".

Os procuradores da Repú­­blica que compõem a força-tarefa montada para desvendar a organização criminosa querem informações sobre pelo menos 750 contratos públicos que têm as digitais de Youssef, 17 deles relativos a empreendimentos da Petrobras, na gestão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera.

Costa já fez delação. Na última quarta feira, o Supremo Tribunal Federal homologou o acordo do ex-diretor com o MPF e ele recebeu o benefício da prisão domiciliar.

Youssef também já fez delação, mas no âmbito de outro escândalo, o do Banestado – esquema de evasão de divisas nos anos 1990. Em dezembro de 2003, ele contou parte do que sabia e ficou em liberdade. Ao voltar ao mundo do crime, capitaneando a Lava Jato, ele perdeu os benefícios daquela delação e a Justiça até reabriu duas ações penais que haviam sido ‘congeladas’.

Quando a Lava Jato foi deflagrada, em março, a PF encontrou em poder do doleiro relatório intitulado "planilha de projetos", documento que mostra indícios de que Youssef intermediou 750 projetos entre grandes construtoras e órgãos públicos, no período de fevereiro de 2009 a maio de 2012. A planilha re­­vela movimentos do doleiro em setores da administração pública.

Delação será ‘robusta’, diz investigador

A força-tarefa de procuradores da República quer saber quem são os contatos do doleiro Alberto Youssef nos órgãos públicos, por onde ele circulou, quem recebeu propinas, contas para onde foram transferidos valores ilícitos. Ele tem documentos sobre essas transações. No acordo de delação que firmou com a Procuradoria o doleiro comprometeu-se a entregar todos os papéis de que dispõe em seus arquivos.

A cada situação que apontar, a cada contrato que fizer menção, a cada episódio de corrupção e lavagem de dinheiro que confessar, Youssef se compromete a juntar documentação para comprovar o que diz. "Dessa vez o interesse público vai ser muito bem atendido", avalia um investigador. Segundo esse investigador, a delação de Youssef será "infinitamente mais robusta" que a delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

A grande diferença das delações de Youssef e de Paulo Roberto Costa é que o doleiro vai enriquecer seus relatos com papéis, registros de operações ilícitas. A delação do doleiro será mais robusta e mais longa que a de Costa. Não há previsão para acabar. Um investigador reiterou que "o que vai ser diferente (em relação à delação de Costa) é que ele (Youssef) vai ter documentação, vai ter documento, essa delação vem com bastante documentação".

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