DENÚNCIA
A revista Veja publicou reportagem na qual revela que a CPI da Petrobras foi uma farsa. De acordo com a publicação, um vídeo de 20 minutos, gravado com uma câmera escondida, mostraria que diretores da estatal teriam conseguido previamente os questionamentos que seriam feitos pelos parlamentares durante as sessões da comissão. De acordo com a revista, a reunião revelaria que os interrogados já sabiam como seriam interpelados e puderam "treinar as respostas".
Duas empresas que estão sob o controle do doleiro preso Alberto Youssef figuram como sócias da Petrobras Distribuidora em um consórcio para a construção de uma usina termelétrica em Suape (PE). A informação é de um relatório da Polícia Federal sobre a Operação Lava Jato na qual Youssef é réu e foi divulgada neste sábado pelo jornal Folha de S. Paulo.
É a primeira vez que o doleiro aparece como sócio da estatal. Na ação penal em curso, Youssef é acusado de ter lavado dinheiro desviado da obra da refinaria Abreu e Lima, que está sendo construída em Pernambuco. Uma das suspeitas com relação à participação das empresas dele no consórcio é que ele teria êxito no negócio graças a contatos políticos que tinha na Petrobras.
Segundo o jornal, as empresas de Youssef que se associaram à estatal (Ellobras e Genpower Energy) tinham a maior fatia do consórcio, de 40%. Petrobras, MPE Montagens e Genpower detinham 20% cada uma, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, responsável pelo leilão. A obra da usina termelétrica começou em 2008 e ficou pronta em 2013, após investimentos de R$ 600 milhões. Dos vencedores do certame, só a Petrobras seguiu no projeto até o fim. Os outros ganhadores venderam suas participações à estatal.
A PF descobriu que o doleiro estava por trás do consórcio ao apurar que a CSA Project Finance, empresa de Youssef e do ex-deputado José Janene (PP-PR), que morreu em 2010, controlavam as duas associadas da Petrobras. A CSA é acusada de ter lavado dinheiro do mensalão para Janene.
Youssef não atuou na construção da usina. O consórcio ganhou o leilão em 2007 e, 40 dias depois, o doleiro vendeu os 40% que detinha para o Grupo Bertin.De acordo com a Folha, 40% no consórcio renderam cerca de R$ 700 mil a Youssef. O Bertin acabou fora do projeto por falta de recursos. Para acabar a usina, a Petrobras teve de recorrer ao Fundo de Investimento do FGTS, que aplicou R$ 372,9 milhões na obra.
Outro lado
A Petrobras Distribuidora não quis se manifestar sobre o assunto ao jornal. As outras empresas envolvidas nas negociações e no consórcio disseram à Folha que nunca souberam que a Ellobras e Genpower eram controladas por Youssef. O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, disse que terá de ver o relatório para se pronunciar.
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