O doleiro Alberto Youssef, o principal operador do esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato, listou o nome de 28 congressistas que, segundo ele, receberam propinas pagas por empreiteiras com contratos com a Petrobras.
Os valores variavam de R$ 100 mil a R$ 150 mil mensais, a depender da importância dos políticos. As informações foram divulgadas neste sábado (18) pela revista "Veja", que não traz os nomes dos congressistas.
As revelações foram feitas, segundo a publicação, depois de horas de depoimentos prestados nas últimas duas semanas e que fazem parte do acordo de delação premiada firmado pelo doleiro com o Ministério Público Federal.
Além de Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também firmou acordo semelhante no qual, em troca do relaxamento da prisão, afirmou que dezenas de políticos se beneficiaram do esquema de desvio de recursos da Petrobras.
Em depoimento à Justiça Federal, Costa declarou que a propina cobrada de fornecedores da estatal era direcionada para atender a PT, PMDB e PP, e foi usada na campanha eleitoral de 2010.
O ex-diretor também afirmou que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra cobrou R$ 10 milhões para esvaziar a CPI da Petrobras, instalada em 2009 no Senado para apurar irregularidades na estatal.
Guerra morreu em março deste ano, aos 66 anos, de câncer no pulmão.
Às autoridades que apuram o esquema de corrupção, Alberto Youssef disse, ainda de acordo com a revista "Veja", que a campanha da petista Dilma Rousseff em 2010 foi financiada em parte com recursos do esquema.
Depois que parte dos depoimentos prestados por Costa e Youssef foram divulgados pela Justiça Federal no início do mês, o PT repudiou as afirmações dos dois delatores, classificadas pelo presidente do partido, Rui Falcão, como "caluniosas". Representantes do PP e do PMDB preferiram não se manifestar até ter acesso à íntegra do processo judicial.
Cartel
Os dois delatores sustentam ainda que as empresas que participaram do esquema de corrupção na Petrobras também formaram um cartel para combinar preços e dividir licitações de obras promovidas pela estatal.
Depois da fase de licitações, alguns dos contratos firmados com a Petrobras eram superfaturados. As diretorias comandadas por indicados do PT, PMDB e PP recolhiam 3% do valor líquido desses contratos para serem distribuídos como propina entre representantes da estatal e dos partidos, conforme relatou Paulo Roberto Costa.
O ex-executivo disse que, dos 3% que recolhia dos contratos fechados pela diretoria que comandava, 2% ficavam com o PT e 1% ia para o PP, partido que o indicou para o cargo em 2004. Ele deixou a empresa em 2012.
Indagado pelo juiz sobre quais empresas teriam participado do esquema na Petrobras, Youssef listou pelo menos 11 companhias.
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