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Meire (de branco) trabalhou por quatro anos com Youssef | Pedro França/Agência Senado
Meire (de branco) trabalhou por quatro anos com Youssef| Foto: Pedro França/Agência Senado

A contadora Meire Poza, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef por quatro anos, entre 2010 e 2014, confirmou ontem ao Conselho de Ética da Câmara que o doleiro repassou dinheiro ao deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) e a outros parlamentares.Preso na Operação Lava Jato, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro que pode ter chegado a R$ 10 bilhões, Youssef está na Polícia Federal em Curitiba.

"O Alberto era um banco. Ele pagava contas, dava dinheiro, dava presentes, emprestava", afirmou a contadora, que prestou depoimento ao conselho como testemunha de acusação no processo contra Argôlo.

Ela, porém, pediu para se limitar a falar apenas sobre Argôlo nesta sessão, mas, questionada, confirmou que houve pagamento a outros parlamentares. Meire, porém, em entrevista à revista Veja, publicada no final de semana, afirmou que Youssef circulava com "malas e malas de dinheiro" em esquema de lavagem supostamente utilizado por políticos do PT, PMDB e PP. Além de Argôlo, a ela citou à revista os deputados André Vargas (sem partido-PR), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) como beneficiários do esquema. Outro listado por Meire é o ex-deputado e atual ministro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia Mário Negromonte (PP).

A defesa de Argôlo tentou adiar o depoimento da contadora e disse cogitar pedir a anulação da oitiva, que acabou sendo mantida pelo presidente da sessão, deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

Sobre a relação entre o doleiro e o deputado, a contadora disse: "Era carinhosa. Ele [Argôlo] era tratado como Bebê Johnson, porque era novinho".

Meire foi arrolada como testemunha de acusação no processo contra Argôlo no Conselho de Ética, movido por causa de suas relações com o doleiro Youssef.

O advogado Aluísio Régis, porém, argumentou que o relator do processo, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), havia afirmado na sessão anterior que dispensava as testemunhas de acusação arroladas. Disse também que foi avisado do depoimento com menos de 24 horas de antecedência.

"Se vossas excelências optarem hoje [ontem] por ouvir ela como testemunha de acusação, depois que o relator dispensou as testemunhas, ainda com intimação por telefone a menos de 24 horas da audiência, eu tenho sinceramente receio de que essa audiência aqui venha a ser anulada", disse o advogado.

Ele sugeriu incluir Meire como testemunha de defesa de Argôlo para ser ouvida posteriormente. O relator rebateu dizendo que não havia encerrado a instrução processual e que o processo no Conselho de Ética não segue as mesmas regras do processo penal. O presidente da sessão manteve o depoimento.

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