Empresas negam irregularidades
A Camargo Corrêa e a Sanko negaram irregularidades com os contratos. Segundo a assessoria da Sanko, Youssef atuava como um "agente de vendas". A empresa confirma o pagamento à GFD, mas diz que o direcionamento da verba era de responsabilidade de Youssef.
"Alberto Youssef foi representante de vendas da Sanko-Sider [todo o trabalho de vendas da Sanko-Sider é terceirizado]. Ele fez as vendas; recebeu as comissões de praxe no mercado, tudo mediante notas fiscais contabilizadas e tributadas, com pagamentos via sistema bancário às empresas por ele indicadas", disse a empresa em nota. "Ambas indicadas por Youssef, a MO foi contratada para a execução de trabalhos técnicos, e a GFD, para representação comercial", cita o texto da Sanko, que afirma que todos os documentos relativos a Youssef foram enviados às autoridades.
Também por assessoria, o consórcio Camargo Corrêa informou que não fez depósitos a Youssef, e que a negociação da Sanko não lhe diz respeito. "O Consórcio CNCC e a Camargo Corrêa jamais mantiveram qualquer tipo de relacionamento comercial com Alberto Youssef, nem com qualquer uma de suas empresas, e não podem responder por pagamentos de terceiros. A Sanko Sider, fornecedor cadastrado na Petrobras há mais de 10 anos, foi contratado pelo CNCC por concorrência de menor preço para o fornecimento de mais 200 mil itens de tubulação e serviços nas obras à cargo do Consórcio CNCC na Refinaria Abreu e Lima, que já foram entregues e devidamente prestados após comprovação pela Petrobras."
Em audiência na Justiça Federal do Paraná, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa relatou ontem que o doleiro Alberto Youssef recebeu dinheiro da empresa Sanko Sider por serviços de consultoria financeira que não foram prestados. Segundo Costa, apontado nas investigações da Polícia Federal (PF) como laranja de Youssef, o doleiro recebeu comissão para intermediar a venda de tubos de aço da Sanko para a Camargo Corrêa, que teria usado o material na obra da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. O advogado não citou valores do contrato. O dinheiro foi depositado na conta da GFD Investimentos, empresa administrada por Youssef que o Ministério Público Federal (MPF) suspeita que era usada para lavagem de dinheiro do esquema investigado pela Operação Lava Jato.
A PF e o MPF desconfiam que empresas pagavam propina a empreendimentos de Youssef em troca da intermediação de contratos com a Petrobras ou com empresas que prestam serviço à estatal. A Petrobras seria usada para desviar dinheiro por meio de contratos fictícios ou superfaturados. De acordo com as investigações, os pagamentos intermediados por Youssef poderiam ser enviados ao exterior para serem repassados a outras pessoas supostamente envolvidas no desvio de dinheiro da estatal.
A Sanko foi contratada pela Camargo Corrêa para obras na Refinaria Abreu e Lima. Costa disse não saber se a operação que Youssef intermediou tinha relação com a Petrobras. "O que me foi dito pelo Alberto [Youssef] é que era uma intermediação de negócios que ele havia realizado entre a Sanko e a Camargo Corrêa. Só fiquei sabendo do que se tratava depois da operação já realizada", disse Costa. O advogado afirma que Youssef teria investido os recursos recebidos da Sanko na GFD, mas não especificou o destino do dinheiro.
Superfaturamento
Na semana passada, auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou superfaturamento de R$ 243 milhões em Abreu e Lima, provocado por supostas irregularidades em reajustes de contratos das empresas responsáveis pelas obras. A auditoria do TCU reforça a suspeita do MPF relacionada ao desvio de dinheiro da Petrobras.
Segundo Costa, a verba paga pela Sanko foi contabilizada como prestação de serviço de consultoria. "A GFD não prestou serviço para a Sanko", disse. Segundo a empresa, Youssef recebeu por ser um agente de vendas terceirizado.
Costa prestou depoimento na ação que investiga a Petrobras. Ele chegou a ficar preso por seis meses, mas foi solto neste mês após decidir colaborar com as investigações. Ele responde ao processo em liberdade.
Conforme o relato de Costa, os documentos do contrato passaram primeiro por Enivaldo Quadrado, funcionário de Youssef que já foi apontado como dono da corretora usada por Marcos Valério no mensalão. "Ele [Quadrado] providenciava o contrato e me comunicava que precisava ser assinado". Costa não soube dizer se o dinheiro depositado na conta da GFD seria comissão por quantidade de mercadoria vendida. "O porcentual eu não sei", comentou. "Eu só assinava."
O advogado também afirmou que a MO Consultoria, outra empresa de Youssef, vendia notas fiscais de serviços nunca prestados. Costa alegou desconhecer conexão entre a MO e a GFD. De acordo com as investigações, a MO chegou a movimentar R$ 90 milhões entre 2009 e 2013. A empresa é investigada por supostamente receber a propina de empresas.
O depoimento de Costa foi acompanhado por Youssef.
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