Depois de quase três anos de serviços prestados, o zelador José Afonso Pinheiro, do edifício Solaris, no Guarujá, onde o ex-presidente Lula supostamente teve um apartamento, foi demitido nesta quinta-feira (7).
Segundo Pinheiro, nenhum incidente aconteceu no período anterior à dispensa e o síndico, Mauro de Freitas, teria lhe dito apenas que seus serviços não eram mais necessários, sem mais explicações. Para ele, a causa da demissão é política.
“Certeza que tem a ver com o depoimento que prestei. Depois que falei ao promotor, o pessoal da OAS tentou me constranger, dizendo que tava falando mentira, que tinha falado demais. O síndico me mandou não falar mais nada, se não perderia o emprego. Esperaram a poeira baixar e se livraram de mim, a corda sempre estoura para o mais fraco”, afirmou Pinheiro ao jornal O Globo.
Em outubro, o zelador prestou depoimento ao Ministério Público de São Paulo sobre a relação de Lula com o triplex 164-A do edifício na Praia de Astúrias, litoral sul paulista.
Aos promotores, confirmou que Lula esteve no local e que a ex-primeira dama, Marisa Letícia, frequentou o condomínio algumas vezes, enquanto o apartamento era reformado.
Segundo Pinheiro, “a OAS limpava o prédio e inseria arranjos florais para recebimento da família presidencial” e o elevador que servia o prédio ficava preso durante a permanência de Lula e Marisa no local para que ninguém incomodasse os visitantes.
O depoimento do zelador consta da denúncia oferecida pelo Ministério Público em março contra o ex-presidente Lula por ocultação de patrimônio. De acordo com o zelador, a situação se complicou para ele depois disso.
Em dezembro, em contato com a reportagem, ele se recusou a repetir o teor de seu depoimento dizendo que havia sido instruído pelo síndico a não fazer mais comentários sobre a visita de Lula ao prédio. Perguntado sobre que funcionário da OAS o teria constrangido, ele respondeu que preferia não citar nomes.
Pinheiro atua como zelador há 20 anos e terá um prazo para deixar o apartamento que ocupa no prédio Solaris com a mulher e a filha. Aos 47 anos, ele teme que será difícil encontrar nova oportunidade.
Procurado, o síndico do prédio afirmou que a demissão não teve motivação política, mas se recusou a explicar os motivos que o levaram a dispensar Pinheiro.
“Não fui pressionado por ninguém, nem conheço ninguém. Não sou político, tenho raiva do Lula e ódio da Dilma. Os motivos da demissão não interessam a ninguém além de mim e dele”, afirmou Freitas.
A OAS foi contatada mais ainda não respondeu à reportagem.