Opinião do leitor
Em depoimento na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, defendeu a atuação da agência e afirmou que não tem apego ao cargo, mas que não tem a intenção de se afastar, porque tem convicção de que está fazendo o que pode para resolver a crise aérea. De acordo com o Blog do Noblat, Zuanazzi pedirá demissão assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandar.
Zuanazzi fez questão de dizer que cabe à Anac cumprir as determinações do Conselho de Aviação Civil (Conac), mas sinalizou que podem ocorrer problemas na implantação das medidas propostas. Ele disse, por exemplo, que nos casos do Rio, quando os vôos foram transferidos para o Galeão, e de Minas, na transferência de vôos da Pampulha para Confins, as operações foram simples porque os aeroportos estavam ociosos, o que não é o caso dos aeroportos de São Paulo, onde todos já trabalham quase no limite, inclusive Guarulhos.
- Vão ocorrer problemas? Vão. No Rio foi fácil, você tinha um Galeão muito ocioso. Em Minas, tinha um Confins absolutamente ocioso. Em São Paulo, não há ociosidade. Guarulhos já opera com uma folga pequena. Já entreguei ao governo e ao Ministério da Defesa um estudo de que tínhamos problemas no terminal de São Paulo, de que tinha urgência para construção de uma terceira pista em Guarulhos e de que era necessário um aeroporto a médio prazo, e não mais a longo prazo em São Paulo. Não tem solução imediata por falta de equipamento (aeroporto) - afirmou.
Zuanazzi disse acreditar que as mudanças propostas pelo Conac não provoquem aumento de preços de passagens porque o órgão está estudando outras medidas que podem reduzir o preço do combustível de aviação e políticas tributárias.
- Então, há possibilidade de ter políticas outras que possam manter o patamar atual, que é o ideal - afirmou.
Em resposta aos deputados, que responsabilizam a agência pela liberação de pistas, Zuanazzi afirmou que a responsabilidade pela obra no Aeroporto de Congonhas é da Infraero, já que houve apenas uma manutenção da pista. Ele explicou que a agência só seria responsável por autorizar a obra nos casos de reforma e construção. De acordo com ele, por este motivo não ocorreu uma nova homologação por parte da Anac e a pista teria sido considerada segura a partir da análise de laudos feitos pela Infraero.
Durante o depoimento, Zuanazzi rebateu as críticas de que cedeu à pressão das companhias para liberar novas rotas.
- Ninguém gosta de ouvir críticas injustas. Do ponto de vista de uma agência reguladora que é limitada por lei, e dentro dessa lei um artigo diz que ela tem que obedecer às diretrizes do Conac. Se não tivermos esse limite legal, nos tornamos uma agência imperial - afirmou.
Ele justificou que a liberação de rotas só é feita após ouvir a Infraero e o Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea), e insistiu que a Anac tem sido cobrada por decisões que fogem às suas atribuições legais.
- Estão culpando quem não tem culpa. Cobrem da Anac aquilo que ela pode fazer - afirmou o presidente da Anac.
Zuanazzi se defendeu ainda dizendo que a Anac tem diminuído o número de pousos e decolagens no Aeroporto de Congonhas, e que estaria enfrentando ações judiciais das companhias aéreas, que se sentem prejudicadas.
Deputado quer que Zuanazzi responda por 'omissão ou ineficiência'
Gustavo Fruet apresentou para discussão na CPI requerimento para que o Ministério da Defesa instaure processo administrativo disciplinar contra Zuanazzi por "omissão ou ineficiência". Se aprovado, esse pedido abre uma alternativa para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demita Zuanazzi, mas ainda não está certo que seja levado à votação.
Avião que se chocou estava com manutenção em dia, diz TAM
Em depoimento à CPI, o vice-presidente da TAM, Rui Amparo, disse nesta quarta-feira que a aeronave da companhia que se chocou em Congonhas não apresentava problemas e passou por todos os procedimentos de manutenção necessários. O executivo defendeu a postura da empresa após a tragédia:
- Estamos sendo transparentes, todos que nos procuram recebem informações - disse.
O vice-presidente da TAM insistiu que o reversor travado não apresentava risco para a aeronave da TAM que se chocou em Congonhas. Ele argumentou ainda que o peso do avião não estava excessivo e que, abaixo dos 100 pés, a autoridade sobre a aeronave é do piloto.
- A diferença do empuxo (devido à falta do reversor) seria controlada pelo pedal - disse o executivo, que entregou à CPI uma cópia do livro de bordo da aeronave acidentada.
O documento mostra que não foram registradas panes no avião que impedissem a decolagem no aeroporto de Porto Alegre. O mecânico na capital gaúcha constatou o defeito no reverso esquerdo, utilizado para auxiliar na frenagem do avião durante o pouso.
Questionado pelo deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) se deixaria seu filho viajar em um avião com o reversor travado, Amparo foi categórico:
- Eu queria declarar que tenho total confiança na manutenção e nos pilotos. Vôo em qualquer avião, com qualquer piloto, em qualquer momento.
Relator da CPI espera informações das caixas-pretas até o fim de semana
Antes do início do depoimento do vice-presidente técnico da TAM, o relator da CPI do Apagão, Marco Maia (PT-RS), disse que até o fim de semana a comissão já deve ter acesso às informações das duas caixas-pretas do avião da TAM. Segundo Marco Maia, as caixas de voz e de dados têm 580 parâmetros e já foram analisados cerca de 60, mas ele não informou se já dá para tirar alguma conclusão sobre o acidente.
O relator disse que os técnicos que estão nos Estados Unidos vão se reunir nesta quinta-feira para saber se será preciso alguma investigação adicional.
- As informações das caixas-pretas de dados e de voz estão intactos. Todas as informações vão ser usadas na investigação. A de voz também será usada porque contém informações importantes - afirmou.
Marco Maia disse ainda que nenhuma hipótese está descartada para explicar o acidente, nem falha no equipamento, problemas na pista do Aeroporto de Congonhas ou erro humano. Segundo ele, nesta quinta-feira a CPI deve aprovar requerimento pedindo a degravação dos diálogos da caixa de voz. O petista aproveitou para defender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Ele fez o que a sociedade esperava que fizesse. Queríamos mudanças reais na estrutura. Além de fazê-las, ele (Lula) produziu uma mudança política imnportante - afirmou.
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